FHC analisa pandemia: ‘É melhor que não haja politização em questões técnicas’
O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso apoia um isolamento social equilibrado durante a pandemia do coronavírus e defende a permanência do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, no cargo. Em entrevista ao Jornal da Manhã, FHC acrescentou que as politizações, nesse momento, são negativas.
“É melhor que não haja politização em questões técnicas. Como que eu vou opinar se um remédio resolve ou não? Eu não tenho competência. Fazer isso atrapalha, cria zumbidos.”
De acordo com ele, demitir o chefe da pasta agora não é a atitude mais correta. “Eu não conheço o Mandetta, mas ele tem feito um papel positivo. Ele está cumprindo funções que o presidente não está querendo cumprir. Ele tem capacidade de falar calmamento na televisão, no rádio. Seria um erro tágico mexer nisso agora.”
Quanto as medidas de isolamento social, que cria uma certa divisão política em tempos de pandemia, o ex-presidente se mostra a favor. “É preciso ter moderação. Eu sou a favor da distribuição de poder. As decisões locais tem que ser tomadas pelo prefeito. Outras, pelo Estado. E o presidente tem que dar as diretrizes gerias. Ele não pode ser manda-chuva, mandar em tudo, porque isso atrapalha o bem estar do povo.”
Segundo FHC, o pior que poderia acontecer já está acontecendo: ninguém tem certeza de quem tem poder para fazer o que. “É preciso ter prudência. As decisões tomadas tem que chegar nas pontas, para isso precisamos distribuir o poder e capacidade de tomar decisões em níveis diferentes.”
Fernando Henrique Cardoso, os governos precisam deixar “o que for possível” funcionar com limitações, mas também deve dar apoio financeiro para que as empresas não quebrem. Ele, inclusive, elogiou o auxílio emergencial que começou a ser pago nesta quinta.
“Pessoas vão ficar sem renda, o congresso aprovou uma medida de ajuda importante. Eu não sou radial, não defendo isolamento vertical ou horizontal. É preciso ter equilíbrio. Por enquanto não há vacina e não há remédio: é preferível, então, fazer o distanciamento social onde seja possível.”
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