Fifagate: defesa de Marin joga a culpa em Marco Polo Del Nero
No quarto dia de depoimentos do delator Alejandro Burzaco, executivo da empresa Torneos e Competências, no Caso Fifa, a defesa de José Maria Marin tentou mais uma vez provar que quem tomava as decisões importantes na CBF era Marco Polo Del Nero.
O argentino foi interrogado por um dos advogados do ex-presidente da CBF, James Mitchell. Ele repetiu a estratégia usada no primeiro dia do julgamento: tentando mostrar que Marin era inocente e que era Del Nero mandava, de fato, no futebol brasileiro.
Mitchell perguntou a Burzaco se, após a saída de Ricardo Teixeira, em 2012, Del Nero passou a ser a pessoa mais influente do futebol brasileiro. O delator afirmou que sim. Burzaco acrescentou dizendo que não era comum o presidente da CBF não fazer parte do Comitê Executivo da Fifa.
Vale destacar que no período em que Marin foi presidente de 2012 à 2015, foi Del Nero quem ocupou o cargo na entidade máxima do futebol.
O defensores também quiseram saber se Burzaco encontrava Marin sozinho ou se Del Nero estava sempre junto com ele. A resposta foi que Del Nero quase sempre estava junto. Burzaco comparou a divisão de poder no futebol brasileiro a uma monarquia, em que existe o rei, no caso José Maria Marin, mas quem manda mesmo é o Presidente nesta situação, Marco Polo Del Nero.
Em contraponto, o promotor Samuel Nitze, que pôde fazer perguntas depois que Mitchel encerrou seu interrogatório, questionou Burzaco sobre qual teria sido a reação de Marin quando acertaram um pagamento de propina em 2012.
O argentino repetiu o que havia dito no início da semana, salientando que o cartola brasileiro havia demonstrado gratidão, lhe dando um abraço.
Marin é um dos três réus no caso Fifa, em que é acusado de sete crimes, mas nega todas acusações garantindo ser inocente. Del Nero é formalmente acusado dos mesmos crimes, porém está no Brasil, país que não extradita seus cidadãos.
Os crimes são de lavagem de dinheiro, fraude e organização criminosa. Os outros réus são o paraguaio Juan Ángel Napout, ex-presidente da Federação Paraguai de Futebol e da Conmebol, e Manuel Burga, ex-presidente da Federação Peruana de Futebol.
O argentino Burzaco, ex-CEO da empresa TyC, confessou vários crimes, pagou uma multa de US$ 21,7 milhões e virou um colaborador da Justiça nos EUA. Nos três dias anteriores, ele afirmou ter subornado dezenas de dirigentes e empresas de mídia.
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