Foragido da Lava Jato, operador da Odebrecht será julgado na Espanha

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 28/07/2017 09h34
Reprodução Os magistrados decidiram que Duran, por ter cidadania espanhola, não pode ser extraditado para o Brasil. Mas ele será julgado na Espanha pelas mesmas acusações que responde em seu país de nascimento

O advogado foragido da Lava Jato, Rodrigo Tacla Duran, não será extraditado pela Espanha para o Brasil. Duran pertencia ao Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, mais conhecido como departamenta da propina da empreiteira.

Acusado de ser o operador das offshores usadas pela companhia para subornar políticos ao redor do mundo, Durán desapareceu do Brasil no final do ano passado e acabou preso na Espanha, onde foi localizado depois de passar pelos Estados Unidos.

A justiça do país ibérico chegou a dar ordem de extradição de Rodrigo Duran, que recorreu da decisão e teve o apelo atendido em uma instância superior.

Os magistrados decidiram que Duran, por ter cidadania espanhola, não pode ser extraditado para o Brasil. Mas ele será julgado na Espanha pelas mesmas acusações que responde em seu país de nascimento. Inclusive os juízes espanhóis argumentaram que as acusações apresentadas pelo Brasil, como corrupção e lavagem de dinheiro, estão bem fundamentadas e as provas enviadas pelo país serão usadas contra ele.

O jornal madrilenho El País divulga nesta sexta-feira (28) uma longa entrevista com Rodrigo Tacla Duran em que ele dá detalhes sobre os crimes cometidos pela Odebrecht, empresa em que atuou até 2016.

Segundo ele, a empreiteira subornou mais de mil pessoas nos últimos anos, desde gerentes de empresas públicas até chefes de estado. Tacla Duran também contesta o valor total de propinas pagas pela Odebrecht ao redor do mundo. Afirma que a empresa gastou no mínimo 2,6 bilhões de dólares por meio do esquema de offshores em paraísos fiscais. Esta cifra é quase quatro vezes maior que o reconhecido pela empresa em seus acordos com a justiça.

Nessa entrevista ao El País, o ex-advogado da empreiteira ainda declara que a Odebrecht organizava festas e enviava mulheres do Brasil para entreter políticos do Panamá e da República Dominicana. Os encontros eram registrados e depois as fotos eram utilizadas para chantagear os políticos que participavam desses encontros.

Rodrigo Tacla Duran está em liberdade provisória em Madrid depois de ter passado 72 dias preso na Espanha a pedido da Lava Jato. Agora ele aguarda julgamento na Europa pelos crimes apontados no Brasil.

Confira as informações do correspondente Ulisses Neto:

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