Golpe em posto de gasolina deixa motoristas em alerta

  • Por Jovem Pan
  • 17/02/2020 06h41 - Atualizado em 18/02/2020 19h35
Marcelo Camargo/Agência Brasil Homem de camisa vermelha abastece carro Frentistas elencam uma série de problemas inexistentes em veículos para cobrar por serviços

A publicitária Luíza estava a caminho do trabalho quando decidiu parar em um posto de gasolina para abastecer o carro na Vila Olímpia, zona sul de São Paulo. Ao estacionar no posto Shell da Avenida dos Bandeirantes, três frentistas pediram para que ela abrisse o capô e logo começaram a elencar diversos problemas no veículo. Vazamento de fluído, barulhos estranhos. Segundo os funcionários, a motorista não conseguiria andar nem mais um quilômetro.

Mesmo com medo, Luíza não permitiu que eles mexessem no carro, mas já era tarde demais. “Como os dois estavam muito enfáticos nesse sentido, de dizer que o carro estava com problema, que ele não ia dar conta de andar mais de um quilômetro, fiquei assustada. Tentei ligar para o meu marido, para o meu pai, mas não consegui contato. Pela falta de conhecimento, experiência, acabei acreditando na possível boa vontade deles. No final, eles me apresentaram uma conta de R$ 2,3 mil, de serviços que eles fizeram e eu nem sei quais são”

Após ter notado que tinha sido vítima de um golpe, Luíza foi direto para o 76º DP registrar um boletim de ocorrência. O delegado, no entanto, segundo a publicitária, não quis fazer o B.O alegando que ela não teria como comprovar o crime. Ela decidiu então reunir relatos e imagens por conta própria e notou que as vítimas do mesmo golpe eram, quase sempre, mulheres. Foi o que aconteceu com a empresária Lucila.

“Eu comecei a discutir com o frentista, dizendo que parecia um golpe, e que se realmente eu constatasse que era um golpe eu iria voltar no dia seguinte com a polícia, com a mídia. No mesmo instante, ele falou que ia falar com o frentista, e que eu não teria que me preocupar e nem pagar pelos fluídos.”

A reportagem foi até o posto de gasolina e tentou contato com o responsável pelo estabelecimento, mas, segundo os frentistas, ele não se encontrava no local. Questionados, os funcionários disseram desconhecer qualquer reclamação dos clientes. O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo, José Alberto Paiva, afirma que não é a primeira vez que esse posto é denunciado.

“Essa é uma denúncia muito grave, realmente tem que ser feita a denúncia junto ao Procon, junto à polícia. Nós teremos o prazer de estar junto com essa senhora, pois já não é a primeira vez que temos denúncias desse posto. Estamos à disposição para o que ela precisar. O sindicato estará ao lado, com certeza.”

O Procon também já recebeu reclamações contra o posto e monitora o caso. O estabelecimento tem duas multas aplicadas pelo órgão que somam mais de R$ 20 mil, mesmo assim, continua aberto e em funcionamento. Após contato da reportagem, o órgão emitiu um alerta chamando atenção dos consumidores para o golpe.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou que investiga um caso semelhante, no entanto, a pasta pediu para que as vítimas registrem um boletim de ocorrência, assim uma investigação pode ser aberta. Caso uma autoridade se negue a formalizar a ocorrência, como aconteceu com Luíza, o caso deve ser relatado à Corregedoria da Polícia Civil.

Nota de esclarecimento

O posto Shell da Avenida Bandeirantes informou que a direção do local foi trocada recentemente. “Quem opera o estabelecimento agora é um antigo revendedor de Shell, que tem um histórico de conduta em linha com a idoneidade, respeito ao cliente e excelência operacional exigida pela marca. Toda a equipe de atendimento do posto também foi trocada”, esclareceu.

O vídeo que aparece na reportagem mostra, inclusive, uma faixa que comunica a nova direção.

* Com informações do repórter Leonardo Martins.

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