Governo abre possibilidade de aceitar ajuda internacional e promete não ‘rasgar dinheiro’
Governadores da chamada Amazônia legal defenderam durante um encontro com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) nesta terça-feira (27), a manutenção do chamado Fundo Amazônia e aceitação de ajuda internacional. O discurso geral é que para garantir a preservação de forma sustentável os estados precisam, sim, de recursos.
Existe também a reclamação de que a discussão em torno do assunto, está se dando em Brasília e não pelos governadores interessados. O governador do Pará, Hélder Barbalho, lembrou, inclusive, que essa queda de braço internacional começou justamente quando o governo federal sinalizou que o dinheiro não era importante.
Bolsonaro insistiu no discurso de que os problemas do país se agravaram por conta do que ele chama de “indústria de demarcação de terras indígenas”. Segundo ele, esse é um problema sério que precisa ser revisto.
Ele também voltou a trocar farpas com o presidente da França, Emmanuel Macron. No início do dia, ele afirmou que o Brasil só aceitaria ajuda oferecida pelo G7 se Macron “pedisse desculpas pelas ofensas”. O presidente brasileiro ainda questionou o fato da França defender a internacionalização da Amazônia e estar utilizando os povos indígenas como massa de manobra.
“Não temos nada contra o G7. Nós temos contra um presidente do G7, que nós sabemos o que ele está reverberando e qual a sua intenção e porque, também, isso eu acho que não é dúvida para ninguém. Nós devemos nos preocupar, sim, com o que vem acontecendo no Brasil. A nossa união é importantíssima, aqui não tem esquerda nem direita, é uma questão de soberania nacional.”
Barbalho, por sua vez, avalia que é preciso deixar essa questão de lado e cuidar do que é realmente necessário. “Acho que nós estamos dando muita importância para esse tipo de comentário. Não desprezando a força econômica que a França possa ter, mas eu acho que agora nós temos que cuidar dos nossos problemas e sinalizar, para o mundo, a diplomacia ambiental, que é fundamental para o agronegócio.”
O porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, avaliou o encontro como positivo. Ele também ressaltou o fato de União e governadores terem se unido na necessidade da manutenção da soberania nacional sobre a Amazônia.
Segundo o porta-voz, para o presidente Bolsonaro, “a principio”, ajudas financeiras serão bem vindas. “O governo brasileiro está aberto a receber as verbas de organismos internacionais e de estados desde que essa verba esteja condicionada à governança do governo brasileiro. Então, em cada momento haverá de ocorrer um estudo de situação, para elucidação do que está sendo proposto e para a confirmação, por parte do governo brasileiro, como, se e o que será feito.”
A mudança no discurso agrada aos estados. O governador do Maranhão, Flávio Dino, desafeto de Bolsonaro, defendeu a necessidade de baixar o tom, que radicalismos não levam a nada. “Achamos que não é o momento de rasgar dinheiro, sobretudo no que se refere ao Fundo Amazônia. Defendemos que ele seja retomado, assim também como procuramos construir uma modulação adequada para uma espécie de um discurso antiambientalista que não constrói uma saída adequada à preservação dos interesses nacionais.”
Entre os governadores, o entendimento é de que as regras existentes são boas e que, nesse momento, é preciso colocá-las em prática. O governador do Amazonas, Wilson Lima, explica, por exemplo, que para garantir a fiscalização e punição é preciso investir na chamada regularização fundiária.
A reclamação é que muitas vezes não se sabe com certeza quem é o real proprietário da terra, o que facilita a ação de grileiros e madeireiros.
O presidente afirmou que o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, deverá voltar a se reunir com os governadores para discutir um projeto que deverá ser encaminhado ao Congresso Nacional. O objetivo é evitar que o problema das queimadas, por exemplo, possa ser novamente grave no ano que vem.
*Com informações da repórter Luciana Verdolin
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