Governo decide se aciona termelétricas contra seca, o que deve aumentar preço da energia

  • Por Jovem Pan
  • 01/11/2017 05h30 - Atualizado em 01/11/2017 07h59
Divulgação/Âmbar Energia Vista aérea da Usina Termelétrica Mário Covas Vista aérea da Usina Termelétrica Mário Covas, conhecida como UTE de Cuiabá, atualmente propriedade da Âmbar Energia, do grupo J&F, de Joesley e Wesley Batista

O governo pode acionar as usinas termoelétricas, mais caras e mais poluentes, para enfrentar a estiagem que atinge o Brasil.

Atenção, consumidores: o governo federal já está estudando a possibilidade de acionar térmicas movidas a óleo diesel, que são mais caras e mais poluentes. Isso porque o nível dos reservatórios das hidrelétricas brasileiras, maior fonte de energia do País, está muito baixo.

A possibilidade de acionar térmicas fora da chamada ordem de mérito vai ser discutida nesta quarta-feira (1º), em reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico. Tais encontros costumam ocorrer mensalmente, mas, com a falta de chuvas, o governo decidiu monitorar a situação elétrica semana a semana.

Paralelamente, o governo tenta convencer nas últimas semanas a Petrobras a fornecer gás a três usinas térmicas que estão sem produzir por falta de combustível: Araucária, Cuiabá, Termonorte II. Uma delas (a de Cuiabá) pertence ao grupo J&F, dos irmãos Batista.

O ministro de Minas e Energia Fernando Coelho Filho afirmou que as três ajudariam bastante para aumentar a segurança do sistema e ampliar a oferta de energia.

“Estamos conversando para poder viabilizar em alguns casos térmicas nessa situação. Cada uma tem uma situação diferente da outra e nós estamos (as) endereçando na medida do possível porque é importante para o sistema contar com elas operando”, afirmou o ministro.

Coelho Filho pretende também apresentar nesta quarta-feira (1º) um esboço da modelagem de privatização da Eletrobras que o governo pretende conduzir ao longo de 2018.

Conta de luz mais cara

Prepare o bolso, porque a conta de luz pode ficar bem mais cara. Em outubro, tivemos a bandeira vermelha no nível 2 e o governo já elevou esse acréscimo, da bandeira nível 2, de R$3,50 para R$ 5 a cada 100kv/h consumidos. Mas, com a possibilidade de o governo utilizar as termelétricas, que têm um custo muito maior, a conta pode pesar ainda mais.

O governo tenta evitar que as empresas trabalhem em prejuízo. As distribuidoras operam em déficit por causa da defasagem nas hidrelétricas. Em outras épocas, o Tesouro poderia subsidiar e cobrir o rombo, mas no momento atual o tom é de ajuste das contas.

A mesma lógica é usada pela Petrobras, que tem elevado os preços dos combustíveis de acordo com o mercado internacional, o impacto que o preço do petróleo e a alta do dólar têm sobre as empresas. Isso tende a acontecer com todo o setor público.

O Brasil possui uma precariedade na oferta de combustíveis no País. O que ajuda a cobrir a deficiência é o estímulo ao uso de energia limpa.

O crescimento da economia projetado para o ano que vem deve demandar mais energia do País e, caso não haja recuperação dos reservatórios das hidrelétricas, as contas devem subir ainda mais.

Vale lembrar que, além do custo para as famílias, o custo para as empresas sobe com o aumento do preço da energia. Já se espera uma inflação mais alta neste mês e no fechamento do ano em razão dos preços administrados, como energia e combustíveis.

No entanto, ainda estamos em um momento de inflação bem baixa. O impacto dessa pressão mais forte não deve alterar a previsão da inflação de 2017 pouco acima de 3%, o que não atrapalha sequer a expectativa de continuidade no corte de juros pelo Banco Central.

Mas os bolsos do consumidor e das empresas devem sentir.

Com informações dos repórteres Rodrigo Viga e Denise Campos de Toledo

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