Governo não deve interferir na política de preços da Petrobras, diz economista
A alta do petróleo tem chamado muito a atenção no mercado internacional, além dos reajustes consecutivos da Petrobras. O aumento tem sido muito questionável por conta dos impactos na inflação. Inclusive, o governo já sinalizou que talvez haja necessidade de se rever a carga de impostos que recai sobre os combustíveis.
Em entrevista ao Jornal da Manhã, Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), ressalta que o cenário está bastante confuso, motivado também pela alta do dólar e de eventos geopolíticos, como as ameaças de Trump em invadir a Síria, acordo nuclear com o Irã e dos boicotes à Venezuela. “Tudo isso acaba afetando o mundo. Com o petróleo alto a inflação mundial sobe e perturba o crescimento econômico. Já no mercado interno vivemos algo inédito porque a Petrobras tem feito a política de preços como deve ser feita. Como o barril está subindo muito há esse impacto no preço da bomba”, explicou.
Pires pontua ainda que a gasolina alta eleva ainda mais a impopularidade do governo, que já é bastante alta. “Países com esse tipo de política costumam reduzir a carga tributária no momento em que o barril está muito alto. O problema é que no Brasil os estados estão passando por uma crise fiscal enorme e acabam aumentam a carga de impostos sobre os combustíveis”, destacou.
“Espero que o governo não cometa o erro de interferir no preço da Petrobras. Isso vai nos levar a um grande retrocesso. Mas está chegando a hora de construirmos uma nova política tributária. Mas é preciso cuidado ao se reduzir o preço da gasolina para não tirar a competitividade do etanol. As reduções devem ser na mesma proporção”, ressaltou o economista.
Petróleo vai ceder?
Questionado se há alguma possibilidade de o petróleo ceder no mercado internacional, o diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura acredita que “tudo depende das decisões de Trump”. “Mas no Brasil os resultados da Petrobras tem sido maravilhosos. Produtores de etanol estão felizes. Os estados e municípios também estão ‘rindo’ porque o barril alto, e a desvalorização do real ante o dólar, desafoga as finanças”, explicou.
Pires projeta ainda que a receita de royalties em 2018 deve ser 40 a 45% superior ao ano passado. “Metade da produção de petróleo do Brasil já é do pré-sal. Os estados mais ao Sul começaram a ter uma arrecadação maior do que os estados do Norte. Cidades como Niterói, Maricá e Ilhabela estão recebendo bastante dinheiro de royalties”, finalizou.
*Com informações de Denise Campos de Toledo
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