‘Há risco sério de que Oriente Médio se transforme em um lugar explosivo’, diz embaixador

  • Por Jovem Pan
  • 06/01/2020 08h57 - Atualizado em 06/01/2020 09h03
EFE Marcos Azambuja ressaltou que "a paz e a estabilidade não são companheiras de viagem do Oriente Médio"

Sob o ponto de vista das relações internacionais, este é o pior início de ano desde o fim da Guerra Fria. É isso o que avalia o embaixador e ex-secretário-geral do Itamaraty Marcos Azambuja.

Em entrevista ao Jornal da Manhã, ele avaliou que o mundo está sobre um novo patamar de insegurança e de risco. “O Oriente Médio sempre foi perigoso, mas agora ele está com os pavios mais curtos e as ameaças são maiores. Estamos diante de uma ameaça realmente séria de que a região, que sempre foi instável, se torne um lugar totalmente explosivo.”

Na visão do embaixador, o governo norte-americano tem como projeto desfazer toda a obra diplomática construída por Barack Obama, Bill Clinton e até mesmo por George W. Bush nos últimos anos.

Marcos Azambuja ressaltou que “a paz e a estabilidade não são companheiras de viagem do Oriente Médio” e que a região “não conhece essas palavras e seus valores” há muito tempo.

“O Oriente Médio não é um filme que tem mocinhos. É um lugar de violência, em que o passado sempre triunfa sobre o presente e futuro. O rancor, o ressentimento e a lembrança são mais importantes do que a esperança por melhores dias.”

Brasil

De acordo com Azambuja, o posicionamento do Brasil diante do conflito entre Estados Unidos e Irã é diferente do que ele adotaria.

“Tudo o que eu defendo é prudência, moderação e negociação. É usar os instrumentos que nós temos para encontrar, quem sabe, soluções. O governo brasileiro tem evitado o que, até agora, era o nosso grande triunfo.”

“Nós não temos influência para mudar a realidade. O que fazíamos relativamente bem era usar uma linguagem sábia, construtiva e o direito internacional”, completa.

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