Hospitais devem adotar volta escalonada de procedimentos para evitar sobrecarga
Especialistas ressaltam que adiamentos de cirurgias e exames devem ser analisados, considerando a gravidade de cada doença
A Ieda Sena Barreto, de 57 anos, cancelou duas cirurgias marcadas durante a pandemia para retirar cinco pedras na vesícula. A primeira operação era no final de março e foi reagendada pelo plano de saúde. Já a segunda, prevista para julho, foi a própria dona de casa que desmarcou com medo de contrair a Covid-19. “Eles não têm uma data fixa no momento, então eu vou ter que aguardar e quando melhorar essa pandemia recomeçar do zero, consultas, exames e reagendar”, afirma. Segundo o infectologista do hospital Dárcy Vargas, Marcelo Otsuka, o adiamento de cirurgias devem ser analisados caso a caso, conforme a gravidade de cada doença. “Existem algumas cirurgias que são inadiáveis, como cirurgias por conta de um tumor, por exemplo, que pode ser ambulatorial, mas não se pode adiar. Então os hospitais têm como norma manter o seguimento desses pacientes, isso tem que ser mantido”, ressalta.
O Hospital pediátrico de alta complexidade, localizado no bairro do Morumbi, em São Paulo, não é referência para o tratamento da Covid-19. Mesmo assim, é um dos hospitais que mais têm casos pediátricos da doença, o que mostra que mesmo sem encaminhamento os pacientes vão chegando. “Nós temos mais de 100 casos pediátricos aqui, muitos deles precisaram de UTI. O que demonstra que, mesmo não sendo encaminhado, os pacientes chegam e isso, com certeza, acaba sendo um problema. Você precisa ter uma rotina de triagem, diagnóstico, enfermarias específicas para manter os pacientes isolados”, diz.
Durante essa semana, a União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas) realiza em São Paulo um seminário online juntamente com médicos e profissionais da saúde para informar os pacientes da melhor maneira possível. O presidente da Unidas, Anderson Mendes diz que é importante médicos e hospitais criarem estratégias para, dentro da demanda reprimida, ver as prioridades e se organizarem a partir delas. Mais de duas mil pessoas se inscreveram para participar do seminário da Unidas,que começou nesta segunda e vai até sexta feira, dia 21 de agosto para profissionais da área da saúde.
*Com informações da repórter Victor Moraes
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