Impacto de surto na economia já começa a ser sentido, diz Waldery

  • Por Jovem Pan
  • 29/02/2020 10h50
FáTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Coronavírus influencia mais na economia que o dólar, diz Waldery

O secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, disse em entrevista à Jovem Pan que o coronavírus vai ter um impacto negativo sobre o PIB e a atividade econômica brasileira em 2020, superando até a influencia da alta do dólar.

De acordo com Waldery, enquanto o dólar tem efeitos negativos e positivos para o setor externo e a economia de forma geral, o coronavírus tem impacto direto, afinal de contas, a China, o motor global da economia, está com fábricas e lojas fechadas e serviços paralisados. Isso diminui a demanda por produtos vindos do país, e o Brasil é um grande parceiro comercial dos asiáticos.

Além disso, internamente, empresas que compram equipamentos e insumos chineses já começam a ser afetadas por esse surto, que em breve pode virar uma pandemia.

Waldery informou que o governo está monitorando o movimento cambial e o avanço da doença, por enquanto, mantém a previsão de crescimento de 2,4%. No próximo dia 20 deve haver uma revisão nas projeções macroeconômicas do país, e a tendência é que a taxa seja trazida para baixo.

Segundo fontes do alto escalão do governo, a equipe econômica trabalha com uma perspectiva de crescimento de 2%. A maior preocupação em relação ao coronavírus, além do efeito na importação dos insumos e matérias primas, é o impacto no fluxo de investimentos no Brasil, uma vez que o chineses estão sempre com os olhos voltados para o mercado brasileiro.

Apesar de toda a turbulência e de uma elevação na temperatura entre os poderes Executivo e Legislativo, depois do vídeo compartilhado pelo presidente Bolsonaro, Waldery mantem a perspectiva que as medidas e PECs do pacto federativo, que fazem parte da reforma administrativa, podem ser aprovadas ainda no primeiro semestre de 2020.

“O câmbio pode influenciar o componente, que é mais de 60% do PIB, o consumo privado, mas influencia também a chamada demanda externa, o lado externo da economia, composto pela exportação e importação. As direções nesse sentido são o inverso. O efeito líquido não é diretamente medido, o efeito de uma epidemia é mais direto. É liquidamente negativo”.

O secretário falou também sobre o grau de investimento que o Brasil perdeu durante o governo do PT. Ele acredita que com a melhora dos indicadores econômicos e fiscais, essas notas serão revisadas para cima, já em 2020. Para que o Brasil tenha de novo o selo de qualidade, ele considera fundamental a aprovação da reforma tributária.

* Com informações do repórter Rodrigo Viga.

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