‘Impeachment de Trump deve avançar, mas não chega ao fim’, diz especialista
Nesta semana foi aberto um processo de impeachment contra o presidente norte-americano, Donald Trump. Dentre todas supostas acusações recebidas por ele desde 2016, ainda na campanha presidencial, Trump agora é suspeito de abusar de seu poder, como autoridade, sugerindo que o vice-presidente de Barack Obama, Joe Biden, e seu filho, estariam envolvidos em processos de corrupção ligado ao setor de energias da Ucrânia.
Vale lembrar que Biden é pré-candidato às eleições americanas que acontecerão em 2020 – ele é do partido Democrata e um dos principais opositores de Donald Trump. A dúvida, agora, é entender se a troca de informações entre o presidente e autoridades ucranianas se configura como um crime passível de impeachment.
Em entrevista ao Jornal da Manhã, a coordenadora do curso de Relações Internacionais da Faap, Fernanda Magnotta, lembra que os que fizeram a denúncia sugerem que Donald Trump foi insistente na acusação e que ele teria condicionado ajuda externa dos EUA à Ucrânia ao atendimento dessa requisição.
“Isso seria muito grave. Utilizar do poder institucional no exercício da função para conseguir barganhar algo que o favorece politicamente utilizando insumos nacionais”, alega.
Porém, para Fernanda, o processo não deve caminhar muito. “Deve tramitar e avançar sem muita dificuldade, mas não deve chegar ao fim. Isso porque é um processo muito mais político do que jurídico. Um dos elementos que devemos levar em conta é que estamos às vésperas da próxima campanha eleitoral. Outro é que, no Senado, os republicanos são maioria – e o processo precisaria de dois terços de aprovação para prosseguir.”
Para tentar algum tipo de vitória, a liderança democrata tenta reunir mais provas para levar o processo para frente, mas o tempo até as próximas eleições é curto. “Embora o timing não favoreça o impeachment, ele – no mínimo – drena a energia política de Trump. Isso também deve contribuir para gerar um racha no partido republicano – como aconteceu com o Nixon”, explica Fernanda.
Eleições
Mesmo com o processo de impeachment, é muito provável que Donald Trump se reeleja ao posto nas próximas eleições, explica Fernanda. “Do ponto de visto do processo, é possível que haja uma disputa. Mas, politicamente, não. Trump até o momento desfruta de uma vantagem competitiva, porque o sistema político americano é moldado de forma que quase garante uma reeleição.”
Apesar dos escândalos, Trump mantém a economia no eixo e não causou nenhum grande escândalo que interfira fortemente em uma possível renovação do mandato. Porém, os democratas estão na tentativa de expor Trump à opinião pública norte-americana e causar um desgaste. “O grupo que estaria disposto a apoiar o impeachment, por exemplo, cresceu mais de 15% de junho até agora. As acusações estão tendo alguns efeitos”, ressalta a especialista.
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