Imprensa europeia questiona atuação de Bolsonaro na pandemia e chama presidente de ‘coronacético’

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 22/05/2020 07h07 - Atualizado em 22/05/2020 09h37
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Na França, o Le Figaro afirma que "a taxa de isolamento, medida a partir do sinal de telefones celulares, está em declínio há um mês"

O Brasil continua com destaque nas manchetes internacionais, infelizmente sendo alvo de duras críticas e questionamentos. A BBC, por exemplo, fala do país em duas manchetes diferentes na capa de seu site neste momento.

A primeira ressalta que o Brasil ultrapassou a marca de 20 mil mortes por covid-19, com o vírus se espalhando ainda mais pela região. A outra manchete, que é ilustrada por uma foto do presidente Jair Bolsonaro no meio de uma multidão carregando uma criança fardada no colo, pergunta se a América Latina é o novo epicentro da pandemia.

A emissora britânica lembra que, em números absolutos, o subcontinente ainda está muito atrás da Europa e dos Estados Unidos. Mas ressalta que os testes na região são infinitamente menores que os dos países desenvolvidos e que pode haver subnotificação de mortes.

A BBC ainda fala que olhando para os dados de Brasil, Peru e México é possível concluir que o pico na região ainda não foi alcançado.

Ainda em Londres, o Financial Times declara que o Brasil se tornou o principal foco de coronavírus do mundo. A publicação também ressalta que há uma subnotificação gigantesca no país e que o número de casos pode ser muito maior que o divulgado.

Também na capital britânica, a edição da revista The Economist fala sobre o Brasil com a manchete: “pelo vale da sombra da morte”. O texto começa ressaltando que os leitos em São Paulo estão perto da sua ocupação máxima e que a situação é ainda pior em outras partes do país.

A Economist conta que muitos países da América Latina até foram rápidos em impor medidas de isolamento dois meses atrás. Mas em uma região onde um trabalhador a cada dois opera na informalidade, fica difícil sustentar as restrições.

Muitos países também organizaram pagamentos de emergência para grandes segmentos da população e deram garantias de crédito às empresas, como o Brasil. Mas os governos latino-americanos, segue a revista, carecem do poder de fogo fiscal, bem como de instituições efetivas como na Europa ou nos Estados Unidos.

O resultado é que em vez de ter uma rápida recuperação, como alguns esperavam, a região corre o risco de entrar em um vale sombrio no qual a saúde pública e os meios de subsistência podem sofrer por muitos meses.

Os efeitos da pandemia estão exacerbando a desigualdade em uma região que já é desigual, conclui o semanário.

Na França, o Le Figaro afirma que “a taxa de isolamento, medida a partir do sinal de telefones celulares, está em declínio há um mês, enquanto o presidente da extrema direita Jair Bolsonaro, um coronacético, continua questionando as medidas restritivas adotadas pelos governadores estaduais”.

Por fim, na Espanha, o diário ABC tem a manchete: Bolsonaro baixa o tom e aproxima posições com os governadores.

Diz a publicação: “Depois de se isolar e discutir com vários líderes brasileiros, o presidente Jair Bolsonaro convocou uma videoconferência com prefeitos e governadores para pedir diálogo. Sendo o terceiro país do mundo em número de infectados depois dos Estados Unidos e da Rússia, o presidente expressou preocupação com a gravidade da crise.”

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