Incerteza do Brexit faz saldo de imigrantes no Reino Unido cair ao patamar mais baixo em 10 anos
Quando os britânicos foram às urnas em 2016 votar no referendo do Brexit a principal questão no momento era a imigração. Dois anos e meio depois, o processo de divórcio ainda não está definido, mas a quantidade de europeus morando no Reino Unido já começou a cair.
No geral, o saldo de imigrantes continentais no Reino Unido – quando subtrai-se os que ficaram dos que saíram, atingiu o número mais baixo dos últimos 10 anos. Imigrantes do leste e do centro europeus foram os que mais pularam fora do barco da rainha no maior êxodo já registrado.
Os dados poderiam até ser comemorados fossem eles analisados sob a ótica do eleitor anti União Europeia. A realidade, porém, é um pouco mais cruel. Em última instância, as pessoas migram para onde há oportunidade, sobretudo de trabalho. E com toda a confusão trazida pelo Brexit a Grã Bretanha está deixando de ser atraente para os imigrantes europeus.
A libra esterlina já não está assim tão mais valorizada que o euro. E as oportunidades de emprego começam a aparecer em outros lugares.
Um polonês, por exemplo, que há dez ou quinze anos via em Londres a grande oportunidade para trabalhar, hoje tem mais facilidade para se arrumar na Alemanha, ou até mesmo em casa. E isso sem nem entrar em questões mais delicadas como crescimento da xenofobia e ambiente hostil para estrangeiros.
Acontece que o governo britânico sabe que os imigrantes têm um peso crucial na economia do país, apesar da retórica nacionalista barata que se expande pela Europa. Tanto que o gabinete de Theresa May já avisou que vai flexibilizar as regras imigratórias assim que o Brexit for consumado.
Imigrantes com pouca qualificação, sejam eles europeus ou de outras partes do mundo, vão poder entrar aqui e ficar no país por até um ano.
Já o limite anual de vistos para imigrantes qualificados de fora da União Europeia será retirado e os empregadores que quiserem patrocinar imigrantes não vão mais precisar provar que não encontraram ninguém no Reino Unido antes para a vaga.
Mais uma prova clara de que existe a política das redes sociais e a da realidade. Normalmente a segunda se impõe sem grandes alardes.
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