Indústria farmacêutica descarta novos reajustes nos preços dos medicamentos em 2022

Aumento do segmento chegou a 10,89%, provocado pela elevação da taxa da energia elétrica e também pela variação do câmbio

  • Por Jovem Pan
  • 11/04/2022 08h52 - Atualizado em 11/04/2022 12h00
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Pixabay/Creative Commons pote de remédios aberto com comprimidos no chão Remédios já chegaram a ter aumento de 10,89% neste ano

A indústria farmacêutica descarta novos reajustes nos preços dos medicamentos em 2022. No início do mês, a câmara de regulação do setor autorizou um aumento de até 10,89% acima da inflação do ano passado. O índice aplicado depende da faixa do produto, da matéria-prima e até do mercado internacional. O presidente executivo do sindicato da indústria de produtos farmacêuticos (Sindusfarma), Nelson Mussolini, explica que o cálculo também está ligado a custos como os de energia elétrica. “Este ano, a recomposição chegou a 10,89%. Ela é calculada com base na inflação, IPCA, mais a variação dos índices intrassetores, que nós temos energia elétrica e câmbio. Você sabe que a energia elétrica e câmbio sofreram muito no ano passado, tiveram aumentos muito grandes, e isso impactou o nosso cálculo, que ficou em teto de 10,89%”, comenta.

O presidente do Sindusfarma lembra que o teto equivale aos remédios de tarja vermelha. De acordo com Nelson Mussolini, 95% dos insumos utilizados no Brasil são importados. “Hoje, os grandes produtores de insumos farmacêuticos ativos, o chamado IFA, que ficou muito famoso na pandemia, ele vem primordialmente da China e da Índia. Outros países do mundo, Estados Unidos, estão muito preocupados com isso. Países desenvolvidos estão muito preocupados com isso. Porque esta é uma indústria que fabrica em tonelada para vender em miligrama. Então, ela precisa ter um mercado consumidor forte para que ela ser sustentável, porque senão ela não é sustentável  e os custos ficam muito altos. Então os países estão olhando isso com muito cuidado”, comenta.

Nelson Mussolini acrescenta que a indústria nacional era mais autossuficiente até os anos 1990a. O presidente executivo do Sindusfarma destaca que o setor conseguiu atender as demandas da pandemia da Covid-19. “Foi uma guerra que nós enfrentamos. Uma guerra precisa de soldados. Os soldados foram os médicos, foram os enfermeiros, foram os profissionais de saúde, de uma forma geral, o motorista da ambulância, recepcionista de um hospital, do posto de saúde. Esses foram os grandes guerreiros dessa pandemia que nós enfrentamos. Mas quem forneceu o material bélico necessário para vencer qualquer guerra foi a indústria farmacêutica. Tivemos problemas, sem dúvida nenhuma, com a o kit de intubação, e isso foi motivo de várias audiências públicas, para a gente discutir isso. Tivemos esses problemas, o mundo inteiro teve falta desses produtos, e o Brasil não ficou diferente, mas nós conseguimos, sem dúvida nenhuma, ampliando produção, tendo gastos muito maiores. Para você ter uma ideia, o frete de produtos durante a pandemia quintuplicou”, afirma. Nelson Mussolini cita como exemplo os preços dos contêineres usados para recepção de insumos importados. Enquanto isso, no Congresso Nacional, parlamentares defendem o projeto para reverter o reajuste dos medicamento.

*Com informações do repórter Marcelo Mattos 

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