‘Infidelidade’ derruba líder do governo e deixa Delegado Waldir na berlinda

  • Por Jovem Pan
  • 18/10/2019 06h52 - Atualizado em 18/10/2019 10h08
Valter Campanato/Agência Brasil Pelas redes sociais, Joice Hasselmann disse que se sente de “dever cumprido” e que “não se importa com ingratidão”

As disputas internas no PSL levaram à destituição da deputada Joice Hasselmann do cargo de líder do governo no Congresso. A decisão do presidente Jair Bolsonaro se deu depois que ela assinou a lista que manteve o deputado Delegado Waldir na liderança do PSL na Câmara, na última quarta-feira (16) à noite, indo contra a vontade Governo, que queria Eduardo Bolsonaro no posto.

No lugar dela, entra o senador Eduardo Gomes (MDB) de Tocantins.

O líder do governo na Câmara, deputado Major Vítor Hugo (PSL) comentou a troca. Segundo ele, Joice quebrou a confiança do Planalto.

“Ficou inequivoco que não existe um grau de confiança. Se a líder do Governo no Congresso não assina uma lista que vai dar maior estabilidade nas votações e não há esse alinhamento, é natural que haja uma quebra de confiança. Eu não vejo como retaliação, vejo como atitude normal.”

Pelas redes sociais, Joice Hasselmann disse que se sente de “dever cumprido” e que “não se importa com ingratidão”. Ela também afirma ter salvo o Governo de crises, apagado incêndios que agora ganhou a “alforria” para cuidar do mandato e da candidatura à Prefeitura de São Paulo.

Enquanto isso, deputados da ala contrária ao presidente do PSL, Luciano Bivar, seguem articulando para colocar Eduardo Bolsonaro na liderança do partido no lugar de Delegado Waldir. A nova coleta de assinaturas deve ir até o início da semana que vem.

Segundo Major Vítor Hugo, o partido precisa de um líder que dê estabilidade. “Precisamos de uma liderança que seja mais alinhada com o Governo, que seja mais séria, mais equilibrada. Ainda que mantenha com a as disputas partidárias, um clima que consiga trazer possibilidades maiores do Governo avançar com as suas pautas.”

Já a ala pró-Luciano Bivar aplica punições internas aos dissidentes. O deputado Eduardo Bolsonaro foi retirado da direção do partido em São Paulo. Além disso, com o desgaste pela situação, ficou distante a indicação dele à embaixada brasileira em Washington.

O irmão dele, senador Flávio Bolsonaro, foi destituído do diretório fluminense do PSL e o mesmo aconteceu com a deputada Bia Kicis no Distrito Federal. Os deputados Carla Zambelli, Bibo Nunes e Alê Silva foram suspensos das atividades partidárias.

O ainda líder do PSL na Câmara Delegado Waldir, aliado de Bivar, disse que não tem intenção de expulsar ninguém da legenda. E que, mesmo com as brigas, a bancada continua unida nas votações.

Também nesta quinta-feira, vazaram áudios de conversas entre deputados do PSL sobre a situação do partido. Após se referir ao presidente Jair Bolsonaro até com palavrões, Delegado Waldir disse que pode “implodir” o chefe do Executivo.

Horas depois, o líder voltou atrás, dizendo não ter nada contra Bolsonaro e que a fala se deu em um “momento de emoção”.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, minimizou a polêmica. “Os conflitos fazem parte da política, a busca de espaço de poder. É legítimo, é natural. Acho que esse conflito não atrapalha o processo legislativo.”

Na manhã desta sexta-feira (18), a Executiva Nacional do PSL se reúne em Brasília para discutir possíveis providências em relação à crise interna.

O presidente da legenda, deputado Luciano Bivar, não vêm se manifestando publicamente nos últimos dias.

*Com informações do repórter Levy Guimarães

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