Inglaterra deve ter ‘micro quarentenas’ em áreas específicas para combater covid-19

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 27/05/2020 09h05 - Atualizado em 27/05/2020 09h10
EFE/EPA/FACUNDO ARRIZABALAGA Para fazer restrições pontuais deste jeito é necessário ter noção muito próxima sobre por onde e como o vírus está circulando

No Reino Unido, onde substâncias como a cloroquina e a hidroxicloroquina sequer são debatidas com o público, foi ultrapassada a marca de 37 mil pessoas mortas por conta da covid-19 com mais de 265 mil casos da doença confirmados.

As estatísticas são macabras e mostram a dimensão da tragédia, mas também mantém a tendência de arrefecimento da pandemia. Foram 134 mortes nas últimas horas, com cerca de 2 mil novos casos testados em território britânico.

Diante desta situação, o governo de Boris Johnson tenta implementar esquemas que permitam o retorno de alguma normalidade. Ontem, o gabinete do conservador anunciou que micro quarentenas devem ser implementadas na Inglaterra para conter o coronavírus.

Enquanto as regras por aqui vão sendo lentamente relaxadas a preocupação com uma segunda onda de contaminações cresce, simplesmente porque a economia do País corre risco de entrar em colapso se algo parecido as últimas semanas voltar a acontecer neste ano.

O governo, inclusive, já dá indícios que o programa de apoio a renda e proteção do emprego está perto do seu limite e não irá aceitar mais gente.

Entre as medidas para proteger o país desta eventual segunda onda está a decisão de criar micro quarentenas, em áreas específicas. Isso quer dizer que apenas comunidades específicas da Inglaterra podem entrar em restrições mais duras de circulação em determinado momento.

Mas é evidente que estas decisões não serão tomadas com base no achismo, ou na caneta de um governante. Para fazer restrições pontuais deste jeito é necessário ter noção muito próxima sobre por onde e como o vírus está circulando.

Os níveis de testagem da população cresceram consideravelmente por aqui e agora o governo vai lançar um novo esquema de rastreamento.

Os detalhes do sistema que deve entrar em operação na próxima semana ainda não foram anunciados. Mas a ideia é repetir o que está em prática em países como Alemanha e Cingapura.

O governo britânico quer rastrear até 10 mil casos de coronavírus por dia alertando as pessoas que tiveram contato com contaminados por covid-19. Se der certo, o ritmo de flexibilização da quarentena por aqui pode seguir como está ou até ser acelerado.

Só que outras tentativas dos britânicos de monitorar o desenvolvimento de novos casos acabaram não dando certo no ritmo esperado. Por isso, a prevenção e o distanciamento social, pelo menos por enquanto, continuam sendo as melhores formas de proteger do coronavírus.

Cloroquina na França

A França decidiu nesta quarta-feira (27) proibir o uso de hidroxicloroquina para tratamentos da covid-19. A medida veio depois que a OMS suspendeu o uso da substância em testes. Um estudo com 96 mil pacientes não viu efeito contra o coronavírus e apontou maior risco de morte.

Tanto a cloroquina quanto a hidroxicloroquina, além de não favorecer a recuperação dos infectados, provocam um risco maior de morte e de desenvolvimento de arritmia cardíaca, segundo o estudo divulgado na revista científica britânica The Lancet.

O Alto Conselho de Saúde Pública da França desaconselhou a utilização da hidroxicloroquina na terça e a decisão oficial do governo veio hoje.

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