Itália desafia União Europeia e diz que manterá orçamento de 2019 que eleva endividamento público
Enquanto a União Europeia segue negociando os últimos detalhes do acordo para o divórcio do Reino Unido, outro integrante do bloco traz mais dor de cabeça para os burocratas de Bruxelas.
O governo da Itália anunciou nesta quarta-feira (21) que vai manter seu orçamento para 2019 que prevê maior endividamento público para financiar programas sociais.
A Comissão Europeia rejeitou a proposta pela segunda vez e agora ameaça aplicar multas pesadas contra o governo de Roma, que estaria violando gravemente as regras fiscais comunitárias.
A Itália elegeu um governo populista formado por uma coalizão disforme entre a direita representada pela Liga e o grupo de outsiders do Movimento Cinco Estrelas.
Ambos defendem um plano de orçamento para custear a implantação de uma renda básica de mais ou menos 700 euros pagos com dinheiro público para a população. Além da redução de impostos e da queda na idade mínima para aposentadoria.
Só que a dívida pública da Itália hoje, que só é menor que a da Grécia na zona do euro, está em 2,3 trilhões de euros. O país gasta só com a manutenção dessa dívida cerca de cinco bilhões por ano.
Mesmo assim, os líderes italianos se dizem convencidos de que elevar essa dívida vai ajudar o país a voltar a crescer. Os políticos projetam que o PIB italiano vai subir 1,5% no ano que vem com as novas propostas.
Algo que nem os estatísticos oficiais da Itália confirmam. Dados oficiais foram revisados para baixo e falam em crescimento de 1,1%.
Nessa queda de braço especula-se que o governo de coalizão italiano estaria, na verdade, tentando criar um episódio para elevar a insatisfação dos eleitores com a União Europeia.
As próximas eleições para o parlamento europeu serão em maio e com um discurso de soberania e tomada de decisões localmente, a Liga comandada por Matteo Salvini espera ampliar ainda mais seus ganhos, aproveitando o crescimento do nacionalismo que é um fato já bastante consolidado ao redor do mundo.
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