Itália, Espanha e França defendem que UE abra cofres contra coronavírus

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 27/03/2020 07h13 - Atualizado em 27/03/2020 09h04
ROSIVAN MORAIS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Do outro lado está a Holanda e, principalmente, a Alemanha, que relutam em tomar medidas econômicas de peso

O sistema público de saúde da Espanha está perto do colapso, o da Itália se vira como pode e o confinamento chegou ao interior da França. A situação é de extrema calamidade na Europa e mesmo assim os países do continente não conseguem se entender.

Na quinta (26), os líderes dos 27 integrantes da União Europeia se reuniram por teleconferência durante cerca de seis horas. A reunião flertou constantemente com o fracasso e só não terminou assim porque foi dado prazo de 15 dias para que um plano seja anunciado.

Basicamente, de um lado estão Itália e Espanha, países mais atingidos pelo coronavírus, que exigem resgate econômico robusto. A França também aponta que o momento é excepcional e que por isso é preciso abrir os cofres da entidade para socorrer a todos.

Do outro lado está a Holanda e, principalmente, a Alemanha, que relutam em tomar medidas econômicas de peso. Os países apontam que o momento é de ações domésticas, com cada governo se virando como pode individualmente.

A posição dos mais ortodoxos está ligada ao fato de que os países mais afetados já são uns dos mais endividados do continente. Só que ao mesmo tempo, Espanha, Itália e até mesmo a França, tem pouco espaço para manobrar seus orçamentos justamente por já estarem endividadas demais.

No fim, a questão é que o impacto econômico dessa crise será tão forte que inevitavelmente vai atingir toda a União Europeia, até mesmo a Alemanha que no momento tem dinheiro transbordando de seus bancos.

Esse impasse sobre o socorro econômico demonstra a situação de total descoordenação que a União Europeia vive. Em última instância isso ameaça o futuro do bloco.

A Itália, mais uma vez, está sendo deixada sozinha para resolver seus problemas. Foi assim na crise dos refugiados. Está sendo assim na crise do coronavírus. E percebam que os italianos estão recebendo médicos de Cuba, insumos da Rússia e até máscaras cirúrgicas da China, enquanto ouve um não atrás do outro da Alemanha.

O momento não é esse, mas na hora certa isso será bastante explorado pelos políticos nacionalistas do país que são eurocéticos.

Reino Unido se mobiliza

Enquanto isso, aqui na Inglaterra, o sistema público de saúde local também faz o que pode para se adiantar. A previsão de um tsunami de pacientes nos próximos dias têm alarmado a população, que está fazendo a sua parte de várias maneiras.

Uma delas foi vista na quinta, a gente tem as imagens dos britânicos que foram às janelas de suas casas para aplaudir os profissionais de saúde. Aqui na Inglaterra isso não é nada comum – mas essa manifestação estava marcada há uma semana e foi muito bonita, assim como já aconteceu em outros países incluindo o Brasil e a Espanha.

Mais de 500 mil pessoas já se inscreveram no programa de voluntários do SUS britânico, que espera conseguir a metade disso. Aliás, esse é o tema do podcast Londres Real desta semana.

Eu falo um pouco sobre como os britânicos estão se mobilizando em grupos de voluntários ao redor do país para ajudar o governo nesta crise.

O podcast Londres Real está disponível nos aplicativos como Podcast Addict, Spotify, Apple Podcasts e no site da Jovem Pan.

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