Jaques Wagner nega recebimento de propina e chama acusações da PF de “infundadas”

  • Por Jovem Pan
  • 27/02/2018 08h16 - Atualizado em 27/02/2018 10h00
Marcelo Camargo/Agência Brasil Marcelo Camargo/Agência Brasil O ex-governador da Bahia foi alvo da Operação Cartão Vermelho, deflagrada nesta segunda-feira (26). A ação apura irregularidades na demolição e reconstrução do estádio, que recebeu os jogos da Copa, em Salvador

Jaques Wagner nega o recebimento de propina em obras da Arena Fonte Nova e chama de “infundadas” as acusações da Polícia Federal.

O ex-governador da Bahia foi alvo da Operação Cartão Vermelho, deflagrada nesta segunda-feira (26). A ação apura irregularidades na demolição e reconstrução do estádio, que recebeu os jogos da Copa, em Salvador.

Segundo as investigações, a obra teria sido superfaturada em até R$ 450 milhões pelo consórcio formado entre a Odebrecht e a OAS.

Jaques Wagner teria recebido R$ 82 milhões, sendo que parte do dinheiro foi repassada em doações de campanha.

O apartamento do ex-governador, em uma área nobre de Salvador, foi alvo de buscas e os policiais levaram documentos, mídias e 15 relógios de luxo.

Também houve apreensões nas casas e nos escritórios do chefe da Casa Civil da Bahia, Bruno Dauster, e do empresário Carlos Daltro, amigo de Wagner.

A delegada Luciana Matutino Caires, da Polícia Federal, explicou que o trabalho começou a partir das investigações contra as empreiteiras: “e em razão das delações da Odebrecht e de material apreendido na OAS verificamos que o então governador recebeu uma boa parte do valor desviado para pagamento de campanha eleitoral e propina”.

Segundo a delegada Luciana Matutino Caires, o ex-governador Jaques Wagner já foi ouvido, mas deverá prestar novos depoimentos.

O Superintendente Daniel Justo Madruga disse que a maior parte do dinheiro serviu para abastecer campanhas eleitorais: “só para deixar claro, em todo esse dinheiro desviado era apropriado por essas pessoas. Na verdade, grande parte era destinado a doação de campanha”.

Em entrevista na tarde desta segunda-feira, após as buscas, Jaques Wagner negou as irregularidades.

O ex-governador disse que as acusações são “infundadas” e chamou a operação da Polícia Federal de “midiática”: “eu não sei de onde tiraram aquele valor de R$ 82 milhões e acho estranho que alguém se pronuncie nestes termos antes do fim das investigações”.

Segundo Jaques Wagner, equipes de TV já estavam nos locais onde aconteceria a operação, horas antes da chegada da Polícia Federal.

Nesta segunda-feira, o governador da Bahia, Rui Costa, do PT, saiu em defesa do antecessor: “eu tenho absoluta confiança na lisura de tudo que foi feit. Conheço há 35 anos o ex-governador, e o processo de investigação comprovará o processo de lisura do que foi feito”.

O governador da Bahia, Rui Costa, reitera que a Arena Fonte Nova foi o estádio mais barato da Copa do Mundo.

O inquérito relativo ao sobre preço nos contratos de demolição e reconstrução foi aberto em 2013, quando surgiram os primeiros indícios de irregularidades.

Em nota, a Odebrecht declarou que está colaborando com a Justiça e que segue comprometida a combater e não tolerar a corrupção.

A Fonte Nova Negócios e Participações informou que aguarda informações oficiais e que se coloca à disposição das autoridades.

O chefe da Casa Civil, Bruno Dauster, disse que não era secretário à época dos fatos e que deseja “um amplo esclarecimento o mais rápido possível”.

Já o PT citou a suposta “invasão” à casa do ex-governador como mais um episódio da campanha de perseguição às principais lideranças do partido.

*Informações do repórter Vitor Brown

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