João Doria diz que vai às ‘últimas consequências’ para manter candidatura ao Planalto

Ex-governador venceu as prévias eleitorais do PSDB no final de 2021 e pode até judicializar o caso se for obrigado a deixar a corrida presidencial

  • Por Jovem Pan
  • 19/05/2022 10h16
MISTER SHADOW / ASI / ESTADÃO CONTEÚDO João Doria participa de coletiva do esporte Ex-governador do Estado de São Paulo, João Doria é, atualmente, o pré-candidato oficial do PSDB à Presidência da República

Enquanto o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) e o presidente do partido, Bruno Araújo (PSDB-PE), tentam a todo custo retirar João Doria (PSDB-SP) da chapa presidencial da terceira via, o ex-governador de São Paulo utiliza todas as armas que tem para impedir que isso ocorra. Doria e seus aliados prometem ir às “últimas consequências”, até mesmo judicializar Araújo a pagar uma possível multa de mais de R$ 12 milhões por não respeitar a decisão das prévias eleitorais do partido, que ocorreram no final do ano passado. O dinheiro pode sair do próprio bolso de Araújo, já que ele estaria desrespeitando um código interno dos tucanos e usando das suas intenções pessoais para privilegiar amigos, caciques do partido.

O tesoureiro nacional do PSDB, Cesar Gontijo, conversou com a Jovem Pan, mas preferiu não escancarar a possibilidade de judicialização e multa por enquanto. “Portanto, até que eu não vou falar sobre hipóteses, porque elas não existem ainda. Até lá, o candidato é o João Doria. O PSDB tem o seu candidato. O único partido que tem um candidato definido de forma ampla e democrática. É o João Doria pelo PSDB. Se existem — como existem, eu sei que existem, não adianta nós negarmos essa realidade — lideranças do PSDB que discordam da candidatura do João Doria, paciência. Porque a maioria, e o estatuto define que a maioria decide, já decidiu. O candidato é João Doria e ponto final”, afirmou Gontijo.

Pela regra, Doria, que venceu Eduardo Leite (PSDB-RS) nas prévias, tem o direito de se lançar candidato à Presidência da República pelo PSDB. Para isso, a legenda teria que arranjar um vice para compor a chapa com ele. No ano passado, Bruno Araújo torcia pela vitória do amigo e ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Já Aécio Neves, que é aliado de Araújo, vê Doria como um inimigo político desde que o ex-governador de São Paulo pediu a expulsão dele do partido por envolvimento em um escândalo de corrupção do Mensalão, no qual, segundo a denúncia, Neves pediu R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista em 2017. Entretanto, o deputado mineiro venceu duas tentativas processuais de expulsão do PSDB e, hoje, com a imagem arranhada, tenta voltar ao jogo político para rifar Doria.

Gontijo foi claro em comentar sobre o que Aécio Neves pensa: “Aécio, claramente, ele disse, não só na convenção, como também disse ontem, que a opção dele é Eduardo Leite. Agora, isso não sobrepõe nem a posição do Aécio e muito menos a do Bruno, que é presidente, que tem que refletir uma posição partidária, uma posição do conjunto da maioria do partido, e esse conjunto da maioria definiu que João Doria é o candidato à Presidência da República pelo PSDB. E nada nem ninguém pode mudar isso”, disse.

Doria decidiu não participar da reunião da cúpula do PSDB em Brasília. Ele usou as redes sociais para dizer que “o momento é de diálogo. O projeto de construção política deve priorizar o Brasil e o povo brasileiro”. Desafeto dele, Araújo respondeu a mensagem nas redes sociais: “Parabéns. Essa é a atitude de um líder que tem compromisso com o seu país”. Renata Covas, mãe do ex-prefeito de São Paulo, Bruno Covas, também usou as redes sociais para dizer que “quem acompanha a trajetória de Doria sabe: ele enfrenta com respeito, combate democraticamente e vence! Foi assim com as vacinas, com a limpeza do rio Pinheiros, foi assim com a candidatura a prefeito e a governador. Quem viver, verá!”, disse.

*Com informações do repórter Maicon Mendes

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