Jornalistas receberam 11 mil ataques pela internet por dia no Brasil em 2019, diz associação
Em 2019, a imprensa brasileira recebeu 11 mil ataques diários pelas redes sociais, uma média de 7 agressões por minuto. É o que indica o relatório anual sobre Violações à Liberdade de Expressão, feito pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert).
Segundo a associação, dos quase 40 milhões de posts que fizeram referência à imprensa no ano passado, 10% possuíam palavras de baixo calão ou tentativas de desacreditar o trabalho dos jornalistas. Esse foi o primeiro ano em que a Abert inseriu um capítulo especial na pesquisa sobre ataques virtuais.
O relatório aponta, ainda, que os ataques vieram de todos os lados, inclusive da presidência da República. Entre as 5 mil 708 publicações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro em 2019, 432 continham críticas, insinuações e advertências sobre o trabalho dos veículos e jornalistas.
As declarações desfavoráveis feitas por Bolsonaro receberam 51 milhões de interações do público.
O presidente da Abert, Paulo Tonet, disse que o cenário não deve ser melhor em 2020. Segundo ele, o ano já começou mal e o avanço das agressões, principalmente virtuais, deve continuar acontecendo.
A entidade também divulgou números sobre a violência contra jornalistas fora do âmbito digital. De acordo com o estudo, 78 profissionais foram vítimas de violência em 2019.
A maioria são casos de agressões físicas, como socos, pontapés e disparos de bala de borracha, que atingiram 30 profissionais. Apesar de ainda alto, a Abert aponta que, ao contrário das agressões virtuais, o número de casos de violência presencial contra jornalistas caiu 50,87% em 2019.
A censura aparece como segunda maior forma de violência não-letal no ano passado, atingindo 16 jornalistas, seguida das ofensas, com dez.
*Com informações da repórter Beatriz Manfredini.
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