Jovem atingida por disparo no rosto em dispersão de baile funk ainda aguarda respostas

  • Por Jovem Pan
  • 16/03/2020 06h37 - Atualizado em 16/03/2020 08h12
Clayton de Souza - Estadão Conteúdo Sob condição de anonimato, ela conta que os PMs estavam dispersando os participantes da festa quando sentiu uma pancada na cabeça

Três anos e meio depois, a falta de respostas aflige a família de Jessica. Foi em outubro de 2017 que um disparo, no meio de um baile funk em Paraisópolis, em São Paulo, mudou a vida da adolescente de uma hora pra outra.

Jéssica tinha apenas 14 anos e estava fantasiada quando encontrou as amigas e o namorado para ir à festa na comunidade, onde nasceu e vive até hoje. A alegria se transformou em desespero depois que uma uma ação policial teve início na favela.

Sob condição de anonimato, ela conta que os PMs estavam dispersando os participantes da festa quando sentiu uma pancada na cabeça. “Todo mundo viu que a polícia estava lá com a arma levantada. Eu peguei meu namorado e na hora que fui brigar com ele, atiraram para cima e pegou no meu rosto. Meu rosto estava deformado, uma parte para fora. E a gengiva nos meus dentes aqui.”

Ferida no rosto, Jéssica foi levada às pressas para o hospital do Campo Limpo. Ela conta que perdeu dentes e parte de um osso da face. “Cheguei lá eu fui ser atendida quatro horas da manhã. Tiraram a bala do meu rosto, falaram que os policiais pegaram. Tiraram todas as provas e evidências no dia seguinte, o sangue e as filmagens.”

A versão dos PMs envolvidos é diferente. Segundo o Boletim de Ocorrência, policiais da Rota — batalhão especial da PM — perseguiam um homem que fugia numa moto sem capacete. Após o prenderem, os policiais tiveram de fazer um cerco no local — e então disseram terem sido agredidos com garrafas e pedradas

A PM disse ter reagido com balas de borracha e que, nesse momento, foram alvo de disparos. Os policiais negam que tenham utilizado armas de fogo. Na época, a Ouvidoria das Polícias instaurou um procedimento e enviou um ofício ao Departamento de Polícia Judiciária e a Corregedoria da PM

Segundo o órgão, a Corregedoria não enviou nenhuma resposta à época e os PMs relataram que os tiros vieram de dentro do baile funk. Ainda segundo a ouvidoria, o inquérito foi concluído como sem resposta dos órgãos das polícias.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que a PM investigou o caso, mas que nenhuma irregularidade foi evidenciada.

*Com informações do repórter Leonardo Martins

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