Judiciário poderia contribuir no combate à violência, defende ex-secretário nacional de Segurança

José Vicente da Silva Filho afirma que é preciso ‘avaliar melhor as condições de liberação de condenados’

  • Por Jovem Pan
  • 16/05/2022 06h54 - Atualizado em 16/05/2022 08h34
Reprodução/Youtube José Vicente da Silva Filho Questionado sobre o crime organizado no Brasil, José Vicente da Silva avaliou que existe uma glamourização do PCC

Apesar da sensação de insegurança no Brasil, dados da criminalidade são desiguais no país. Em entrevista à Jovem Pan, o ex-secretário Nacional de Segurança José Vicente da Silva Filho afirma que os números deveriam ajudar nas políticas públicas. “O Brasil tem 19 mortes por 100 mil habitantes, dados do ano passado, mas no Nordeste são 30 mortos por 100 mil. O Nordeste chega a ter 2,5 vezes mais violência do que os Estados do Sul. Curiosamente, praticamente os indicadores de medo da violência são praticamente os mesmos, o que mostra que medir medo por pesquisa de opinião não é uma forma sensata”, disse o coronel. Ele lembra que o poder Judiciário também poderia contribuir no combate à violência. O ex-secretário de Segurança também cita o perfil dos presos em São Paulo. “São cerca de 180 presos por dia no Estado, bandidos que estavam cometendo crimes e foram surpreendidos pela Polícia Militar. No levantamento feito sobre as características se constatou que metade, em um levantamento deu 48% e no outro 50%, eram condenados que estavam em liberdade, gozando de algum benefício legal. Isso mostra também que a própria Justiça precisaria avaliar melhor as condições de liberação de condenados por determinados crimes.”

Questionado sobre o crime organizado no Brasil, José Vicente da Silva avaliou que existe uma glamourização do PCC. O coronel da reserva ironiza análises que superdimensionam o poder dos bandidos. “Se comandasse efetivamente os bandidos teria uma crise atrás da outra, o que não acontece há muito tempo por um simples motivo: as lideranças têm pavor de passar uma temporada hospedado no regime disciplinar diferenciado. Se eles não mandam nem dentro do presídio, tem essa narrativa tola que o PCC comanda o crime dentro e fora do presídio. Comanda coisa nenhuma”, completa.

*Com informações da repórter Camila Yunes

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