À la “Rei Sol”, Macron propõe mudanças radicais na França
Emmanuel Macron é o “político-sensação” do momento. Jovem, defensor da União Europeia, nem de esquerda, nem de direita. Ele preenche praticamente todos os requisitos do politicamente correto.
A verdade, no entanto, é que ninguém conhece direito o novo presidente da França. Por enquanto, o que temos dele são apenas um discurso bonito e alguns sinais de deslumbramento que lembram muito o Rei Sol.
Nesta segunda (3), por exemplo. Macron fez um discurso de uma hora e meia em uma sessão conjunta da Assembleia Nacional e do Senado. O palco foi o suntuoso Palácio de Versailles, num evento totalmente atípico para um chefe de Estado francês, sobretudo em início de mandato.
No pronunciamento, para uma plateia de parlamentares claramente desconfortável com a situação, Macron prometeu reformar as instituições do país. E rápido. Deu prazo de um ano para os parlamentares aprovarem suas ideias, caso contrário vai levar o tema para um referendo popular.
O presidente quer acabar com um terço das cadeiras tanto da Assembleia quanto do Senado. Ele acredita que diminuir o parlamento vai facilitar a tramitação de novas leis.
Macron também pretende trazer mais representatividade para o Parlamento numa reforma que é o inverso do que está sendo proposto no Brasil neste momento.
Hoje se fala em Brasília mais uma vez do tal de “distritão”, em que os candidatos mais votados seriam eleitos deputados federais nos estados, acabando com a proporcionalidade e o coeficiente eleitoral.
Na França é assim que funciona atualmente, com a eleição para a assembleia sendo majoritária em dois turnos. Entra quem tem mais voto em cada distrito e ponto, no chamado voto distrital puro.
O sistema dessa forma permite que a Frente Nacional, de Marine Le Pen, por exemplo, tenha recebido onze milhões de votos na eleição presidencial, mas seja sub-representada no parlamento com apenas oito das 577 cadeiras da Assembleia.
Para Macron é preciso trazer doses de proporcionalidade usando mais ou menos o que existe no Brasil hoje, e os parlamentares – muitos deles enrolados na Lava-Jato – querem alterar.
O presidente também declarou ontem que o estado de emergência na França, estabelecido desde o início da onda de ataques terroristas em 2015, deve ser encerrado em novembro.
E já a partir desta terça (4) começam pra valer as negociações na França para aprovar as reformas que Macron usou como bandeira durante a campanha, entre elas uma dura mudança nas leis trabalhistas.
O novo presidente também quer fundar um novo país e em última instância também uma nova União Europeia, com menos burocracia e mais unidade entre seus membros. São planos bastante ambiciosos para os próximos cinco anos.
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