Lagarde aponta para mais intervenção do Estado na economia europeia
Está se formando um consenso na Europa de que os Governos precisam gastar mais para apoiar o desenvolvimento econômico. Os candidatos a primeiro-ministro do Reino Unido tocaram no assunto nesta semana e deixaram claro que o período de austeridade acabou.
Nesta sexta-feira (22) foi a vez da francesa Christine Lagarde engrossar o coro ampliando o assunto para o outro lado do Canal da Mancha. Lagarde agora ocupa o cargo de presidente do Banco Central Europeu, depois de oito anos à frente do Fundo Monetário Internacional.
A mensagem da economista é a seguinte: A segunda maior economia do mundo, no caso a União Europeia, precisa se reinventar. Deixar para trás o modelo baseado em exportações e se concentrar no consumo interno.
Para a chefe do ECB, na sigla em inglês, o planeta apresenta uma oportunidade histórica para que os europeus façam essa transição.
O comércio global vive um momento de disruptura importante, impulsionado pelas disputas entre Estados Unidos e China. O mesmo ocorre com os avanços tecnológicos e seus impactos na economia, nos negócios e, sobretudo, no emprego.
Para Lagarde, no entanto, é preciso traçar uma linha para separar o que é gasto geral de Governo do que ela chama de despesas produtivas. Basicamente é separar o joio do trigo – gastar muito com folha de pagamento e pensão, como faz o Brasil, é uma tragédia.
Investir em obras de infraestrutura, desenvolvimento e pesquisa, e educação é o caminho que Lagarde tenta fomentar. E o que ela ressalta é que os gastos com essas despesas produtivas caíram na Europa nos últimos anos e precisam ser retomados.
No final das contas, o que a economista está apontando é para mais intervenção do Estado na economia – as a intervenção, em tese, saudável.
Encontrar esse balanço não é algo fácil e as fórmulas estão aí para serem debatidas.
É de se questionar se o ponto que os europeus têm discutido cada vez mais também não vale ser levantado num país que, historicamente, sofre com taxas medíocres de crescimento – como o que no momento está engessado por regras e circunstâncias que limitam a capacidade do Governo em investir nas chamadas despesas produtivas.
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