Laudo contradiz perícia do IML e indica agressão por PM como causa da morte de jovem em SP
No carnaval de 2019,Gabriel Henrique Alves Galhardo, de 16 anos, curtia com os amigos em São Luiz do Paraitinga, no interior de São Paulo, quando uma briga generalizada começou. Policiais militares intercederam para apartar a confusão e, minutos depois, o jovem estava inconsciente no chão. Segundo nove testemunhas, Gabriel tentou correr para longe da briga quando um soldado da Polícia Militar teria golpeado o jovem na cabeça.
Um mês depois do episódio, o laudo assinado pelo legista concluiu que “não foram encontradas lesões internas que pudessem atribuir a causa morte em decorrência de causa externa”. O perito constata ainda que no sangue de Gabriel foram encontrados vestígios de álcool e substâncias tóxicas com potencial, sendo essa a causa possível da morte. No entanto, o legista ressalta que a dedução não era precisa, pois seria necessária uma avaliação da circunstância da morte.
Insatisfeitos com o resultado, os pais de Gabriel contrataram um perito profissional da Universidade de São Paulo (USP) para fazer uma nova análise. O novo laudo, divulgado pelo perito Daniel Romero Munhoz, constatou que após ter recebido pelo menos três impactos violentos na cabeça, Gabriel teve uma crise epilética e, posteriormente, uma parada cardiorrespiratória. Segundo a nova perícia, as manifestações neurológicas que levaram o jovem a óbito foram imediatas ao trauma, indicando relação direta entre tais eventos. Na visão do advogado que defende a família de Gabriel, Carlos Kauffman, há uma divergência grave entre os dois laudos.
Ainda abatido pela perda do filho, o pai de Gabriel, Tiago Angelo Galhardo, pede justiça. “Nós estamos condenados a conviver com a dor e sofrimento pela resto de nossas vidas. É muito difícil mensurar tudo que morre com um filho.”
Na época, a Polícia Militar disse que foi instaurado um inquérito policial militar para investigar o caso e afastou temporariamente o PM envolvido. Questionados, a Secretaria de Segurança Pública e o Ministério Público de São Paulo não se manifestaram.
*Com informações do repórter Leonardo Martins
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