Lava Jato deve se espalhar por vários Estados
A tendência da Lava Jato é reduzir o ritmo, mas a atividade em decorrência das investigações serão multiplicadas em progressão aritmética.
Os dados armazenados pelas investigações e os conteúdos das mais de cem delações premiadas mostram irregularidades em vários Estados e regiões do Brasil. Tudo mapeado.
A decisão do STF que manda para a primeira instância os processos contra o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o ex-ministro Geddel Vieira Lima, ambos presos, é a indicação de que o processo de investigação continua, neste caso, no Distrito Federal, e não em Curitiba.
Vários núcleos estão sendo criados para replicar os procedimentos da Lava Jato. O Distrito Federal, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte são as linhas mais evidentes. Mas outras ações serão iniciadas, espalhando os efeitos por todo o País.
Depois de 47 operações com foco em Curitiba, a força-tarefa já dá sinais de que o processo se ramificou.
A decisão de Sérgio Moro, de dar acesso à PF ao sistema Drousys, o grande banco de dados da Lava Jato sobre a Odebrecht, é o indicativo do que vai acontecer a partir de agora, ou seja, a abertura de várias investigações em vários Estados.
Diante da disputa aberta entre integrantes do MPF e PF, Moro decidiu democratizar as investigações sobre o chamado departamento de propinas da Odebrecht.
Drousys
O sistema Drousys é uma espécie de banco de dados do departamento de propinas da Odebrecht. A plataforma usava uma tecnologia sofisticada e fazia o controle dos pagamentos ilegais feitos pela construtora. Ela foi revelada pelos executivos da empresa nos acordos de colaboração premiada.
Ali estão informações importantes sobre várias obras e não só irregularidades relativas à Petrobras, origem da Lava Jato.
O servidor do Drousys ficava na Suíça e, até agora, o acesso aos dados havia sido liberado apenas para o Ministério Público Federal. A Polícia Federal não possuía autorização.
A exclusividade havia sido dada pelo próprio juiz Sérgio Moro, no acordo de leniência da Odebrecht. A decisão gerava críticas dos delegados da PF, que reclamavam da demora para finalizar os inquéritos.
Na nova decisão, Moro revisou um trecho do acordo. Ele entendeu que os policiais tem que ter acesso ao sistema para fazer perícias e para utilizar provas de pagamentos, registradas na plataforma.
Argumentou, também, que deixar o material exclusivamente com os procuradores poderia torná-lo inútil, já que o MP não produz laudos.
O banco de dados ficará sob a guarda de peritos da Polícia Federal em Curitiba. Moro determinou que o material será mantido em sala reservada, com mecanismos de segurança e restrição de acesso.
Ele estabeleceu prazo de 15 dias para a PF operacionalizar a disponibilização e guarda do Drousys na Superintendência em Curitiba.
Na nova decisão, o juiz destacou que a liberação não representa violação ao acordo de leniência, porque se trata de procedimento de investigação adotado após a assinatura do tratado.
Com informações de José Maria Trindade e Vitor Brown para o Jornal da Manhã
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