Lavar as mãos ainda é maior arma contra vírus, alerta infectologista

  • Por Jovem Pan
  • 23/01/2020 09h00 - Atualizado em 23/01/2020 10h04
EFE/EPA/FACUNDO ARRIZABALAGA Especialista brasileiro estima que coronavírus já tenha atingido 1,7 mil pessoas

O coronavírus deixou o mundo em alerta depois do crescente número de casos na China, e da chegada da doença a países como Japão e Estados Unidos. Aqui no Brasil, a suspeita de um caso preocupou Minas Gerais. Apesar de descartada pelo Ministério da Saúde, a hipótese ainda é investigada pela Secretaria de Saúde de Minas Gerais com exames laboratoriais. A paciente de 35 anos está em isolamento.

Em entrevista exclusiva para o Jornal da Manhã, o infectologista, professor e coordenador de Relações Externas da UFRJ, Edimilson Migowski, alertou que neste momento, os brasileiros devem redobrar os cuidados com a higiene das mãos. “Têm pesquisas que mostram que o brasileiro toma muto banho, mas lava pouco as mãos. Pra se ter uma ideia do que eu estou falando, em 2009, na época da gripe suína, houve uma propaganda massiva para que as pessoas lavassem as mãos com mais frequência. Naquele ano, registrou-se menos casos de conjuntivite, resfriados, gripes e outras doenças por conta desse hábito, que depois se perdeu”, explicou.

Mesmo com a agressividade do vírus, que segundo o especialista atinge os 2,5% – ou seja, a cada 100 pessoas que têm o contato com a doença, 2 a 3 apresentam uma evolução de forma grave – o Brasil deve concentrar sua atenção a quem chega ao país.

“Por enquanto, acredito que a Anvisa, portos, aeroportos e fronteiras são quem deve se preocupar. O deslocamento muito rápido torna uma epidemia ou pandemia mais complicadas do que eram no passado. Com a tecnologia, é possível detectar quem chega com febre, por exemplo. Já a população em geral deve fazer a sua parte e redobrar a higiene das mãos.”

Para Migowski, o alerta feito em Minas Gerais sobre a possível chegada da doença ao país tem seu lado positivo. Ele avalia que apesar de ter sido vista com “desespero”, a situação mostra que os profissionais da saúde e cidadãos estão atentos e vigilantes, principalmente em relação a quem veio de áreas de risco. “Vejo com bons olhos a sensibilidade em detectar esses problemas. Ter 100 casos suspeitos e nenhum confirmado mostra que as pessoas são orientadas e as autoridades, atentas.”

Combate

Por se tratar de um vírus recém-descoberto, ainda não se sabe qual antiviral pode combater o coronavírus. Estima-se que já sejam mais de 1,7 mil pessoas infectadas, um número muito superior aos 400 divulgados pelo governo chinês. Migowski esclarece que a tendência é que a letalidade e a agressividade diminuam, mas até lá, a tentativa de combate mais ágil pode ser encontrar uma substância já licenciada para outras doenças que tenha mais essa função.

“A vacina da gripe demorou quase dez anos para ficar pronta. Hoje, esse processo pode demorar cerca de dois anos. Para o Zika Vírus, por exemplo, já têm algumas em estudo. Estou torcendo – e é muito possível – que algum antiviral já licenciado para combater outros vírus possa pegar o coronavírus também. Existe antiviral no mercado que combate febre amarela, rotavírus, adenovírus, norovírus, dengue e chikungunya. O passo agora é testá-los em laboratório. Quem sabe a gente não tem uma boa notícia a curto ou médio prazo?”

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