Limite de R$ 1 mil para o Pix pode gerar ‘efeito contrário’, diz presidente do Procon-SP

Fernando Capez acredita que limitação apenas das 20h às 6h fará com que vítimas de sequestro permaneçam mais tempo com os criminosos

  • Por Jovem Pan
  • 04/10/2021 09h16 - Atualizado em 04/10/2021 10h04
CRIS FAGA/ESTADÃO CONTEÚDO Mão segura um celular que exibe o símbolo do Pix Outra nova regra criada pelo Banco Central é a possibilidade das instituições financeiras bloquearem transações que sejam consideradas suspeitas

A nova regra do Banco Central para pagamentos com o Pix entra em vigor nesta segunda-feira, 4. Ela estabelece o limite de R$ 1 mil para as transferências feitas das 20h às 6h. O objetivo da mudança é garantir maior segurança nas transações e minimizar os casos de sequestro relâmpago para aplicação de golpes financeiros. Embora seja vista como positiva, a alteração pode, no entanto, causar um efeito contrário e trazer uma preocupação maior sobre a segurança dos usuários, explica presidente do Procon-SP, Fernando Capez. “A limitação da transferência de R$ 1 mil pode gerar um efeito contrário, ou seja, a vítima ter que permanecer [por causa do bloqueio] em poder dos sequestradores toda a noite até o amanhecer. Por isso, pretendemos amenizar essa medida com outras providências que vamos sugerir ao Banco Central”, afirmou em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan.

Segundo Capez, a proposta é sugerir que o limite não seja válido apenas para o período noturno, mas adotado para os pagamentos feitos a qualquer hora. Como já proposto, a ideia é que o cliente possa solicitar a mudança desse valor máximo por transação, mas que a alteração seja efetuada apenas depois de 48 horas. “Todos temos que atuar em conjunto, estabelecendo as medidas preventivas. O Pix é instrumento útil porque não tem estorno, isso despertou a cobiça dos criminosos, porque aplicado o golpe e feita a transferência, não tem volta”, afirma.

Outra nova regra criada pelo Banco Central é a possibilidade das instituições financeiras bloquearem transações que sejam consideradas suspeitas pelo prazo de 72 horas, o que também poderia inibir a ação de sequestradores. No entanto, segundo Fernando Capez, as medidas ainda são ‘insuficientes’, já que o mecanismo de controle dos bancos pode falhar. “Se não bloquear o valor, houve uma falha do banco. Os bancos podem sofrer um enorme prejuízo. Então, eles estão preocupados, tivemos uma reunião muito boa com a Febraban. Temos que nos unir para estabelecer medidas. A divisão antissequestro está recendo muitas denuncias e isso é mais uma problema para ser administrado”, finalizado.

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