Londres e Washington querem dar o exemplo para quem é suscetível à propaganda extremista

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 21/02/2019 09h44
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EFE EFE Estado Islâmico Bandeira

Com o Estado Islâmico praticamente aniquilado, europeus e americanos debatem agora o que fazer com o espólio inconveniente deixado pelo grupo. Centenas de terroristas foram capturados nas últimas semanas e Donald Trump quer que a Europa e o Reino Unido se virem com eles. Ou então o chefe da Casa Branca ameaça soltar os militantes do grupo que, em última instância, viriam para cá organizar novos atentados.

O problema é que americanos e britânicos não querem sequer lidar com a própria roupa suja.

Na Inglaterra, o governo decidiu cancelar a cidadania de uma jovem que nasceu em Londres, mas que decidiu se juntar ao Estado Islâmico. Shamima Begum fugiu com outras duas amigas em 2015 para a Síria. Agora com 19 anos e um recém-nascido ela pretendia voltar para casa.

Só que o governo de Theresa May não apenas barrou a ideia como cancelou a cidadania dela. A decisão foi surpreendente porque pelas leis internacionais, e locais, ninguém pode ser transformado em apátrida. E Begum, embora seja filha de imigrantes vindos de Bangladesh, não tem a cidadania do país asiático.

Mesmo assim, a pressão dos tabloides e de políticos conservadores foi para que a jovem não fosse aceita de volta aqui no Reino Unido.

O que levanta uma questão importante: a partir de agora então os britânicos vão preferir simplesmente revogar a cidadania de seus cidadãos que cometeram crimes? O correto não seria julgar Shamima Begum e fazê-la pagar por seus erros dentro de casa?

Os americanos vivem exatamente o mesmo dilema neste momento com outra jovem Hoda Muthana, que deixou os Estados Unidos quatro anos atrás para se juntar ao Estado Islâmico.

Donald Trump já avisou que ela não será aceita de volta – independente das alegações da família de que Muthana nasceu em Nova Jersey e é uma cidadã americana.

A onda de jovens europeus e alguns americanos que deixaram seus países para se unir aos terroristas na Síria parece ter acabado com a derrota do ISIS.

E agora os governos de Londres e Washington querem dar o exemplo para quem ainda parece suscetível à propaganda extremista: não haverá perdão para os que optarem pela radicalização. Mesmo que seja uma escolha estúpida de um adolescente.

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