Lula chama intervenção no RJ de “pirotecnia” e vê Temer articular candidatura

  • Por Jovem Pan
  • 21/02/2018 10h00 - Atualizado em 21/02/2018 10h56
EFE/Fernando Bizerra Jr. O ex-presidente (foto) vê Temer tentando "pegar" os eleitores de Jair Bolsonaro

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou a intervenção federal no Rio de Janeiro como “pirotecnia” e “espetáculo” com objetivos eleitorais.

“Eu temo que essa intervenção no Rio de Janeiro seja uma coisa de pirotecnia, seja uma coisa de interesse pura e simplesmente político”, disse Lula em entrevista à Rádio Itatiaia, de Minas Gerais, nesta quarta-feira (21).

Para o ex-presidente, o atual mandatário Michel Temer (MDB) está tentando encontrar um modo de ser candidato à reeleição ao Planalto.

Lula disse que “ninguém pode ser contra uma tomada de posição emergencial para tentar diminuir a violência no Rio de Janeiro, mas é preciso que a coisa não seja feita de forma estabanada, pensando apenas em política”. E continuou: “eu acho que o Temer está encontrado um jeito de ser candidato a presidente da República e acho que ele achou que a segurança pública pode ser uma coisa muito importante para ele pegar o nicho de eleitores do (deputado e pré-candidato, Jair) Bolsonaro”, afirmou o petista.

Lula avalia que “o Exército não é preparado para enfrentar o narcotráfico nem lidar com bandido em favela”, mas defender a soberania nacional contra possíveis inimigos externos. Ele projeta: “Pode acontecer que, depois do espetáculo, o resultado seja negativo”. Lula citou em comparação as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e disse que “ninguém explica por que elas não deram certo”.

O petista criticou a falta de um “plano efetivo” para se combater o narcotráfico e se disse preocupado, dado o exemplo do México, “que colocou o Exército e as Forças Armadas para tentar combater o narcotráfico na fronteira com os EUA e muita gente das Forças Armadas se meteu com o narcotráfico”.

Após notar que a reforma da Previdência não seria aprovada, Temer pensou, na visão de Lula: “Vamos criar um outro espetáculo. E criaram a intervenção no Rio de Janeiro, passando para a sociedade a ideia de que agora vai acabar os problemas (sic). E não vai acabar”, prevê o petista.

Ele lembrou: “o Exército já ficou um ano na favela da Maré e, quando saíram, os problemas voltaram”. O pré-candidato do PT aproveitou para dar a sua proposta para a questão da segurança pública. “O problema da violência tem ligação com a questão da educação, da qualidade de vida e do emprego”.

Em seu discurso como pré-candidato do PT, Lula prevê que ele mesmo já tem uma vaga garantida no segundo turno caso não seja impedido de concorrer devido à condenação em 2ª instância.

“Eles dizem: se o Lula disputar, só tem uma vaga para todos os outros. Se ele não disputar tem duas. Então vamos tirar o Lula do jogo”, afirmou o ex-presidente. “Então todo mundo acha que tem chance”, disse, citando a “aposta” de Temer em buscar a candidatura.

Sobre eventuais composições políticas, Lula não descartou o PMDB, que mudou o nome para MDB. “Não tem essa de ‘PMDB nunca mais'”, afirmou. O ex-presidente elogiou Josué Alencar, filho de seu ex-vice, José Alencar, já falecido.

“Quem quiser ser principista, não faça política”, disse Lula.

“Vítima de perseguição jurídica”

Condenado a 12 anos e um mês de prisão pelo Tribunal Regional Federal da 4ª região no caso do tríplex do Guarujá, o petista voltou a reafirmar sua inocência. “Vou dedicar minha vida inteira daqui para frente a provar o equívoco que eles cometendo. Estou sendo vítima de uma perseguição jurídica-institucional”, disse Lula, afirmando que essa é uma “questão de honra”. O ex-presidente chamou quem o acusa e condena de “canalha”.

“Eu não posso dizer que você cometeu um erro e não provar o erro que você cometeu. Eu tenho que mostrar que você cometeu o erro. Ou então eu estou sendo um canalha ao te condenar sem provas”, disse.

“Me parece que a Justiça está querendo cumprir esse papel que a elite brasileira econômica e que os políticos querem: que o Lula não pode ser candidato”, afirmou também.

Lula ainda elogiou o governador petista de Minas Gerais, Fernando Pimentel, e disse que seu governo tem sido “melhor que o esperado” dadas as dificuldades financeiras do País.

Lula disse, no fim da entrevista, que ainda não está namorando, mas citou cartas que recebe e responde de “companheiras” interessadas em “cuidar e “tomar conta” dele após a morte de Marisa Letícia. “Essa não é a minha prioridade. Minha prioridade é cuidar da minha saúde e de meus processos”, disse. “Na hora em que aparecer (uma mulher), terei imenso prazer em comunicar que o ‘Lulinha paz e amor’ está namorando”, riu o ex-presidente.

Confira a entrevista completa de Lula à rádio mineira:

Entrevista para a Rádio Itatiaia de Belo Horizonte.

Publicado por Lula em Quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

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