Macron: Otan está em estado de ‘morte cerebral’
O presidente da França, Emmanuel Macron, deu um entrevista em tom apocalíptico para a revista inglesa The Economist. Ele acredita que a Europa está à beira de um precipício e precisa reagir urgentemente.
De acordo com o francês, os desafios do continente vão muito além do Brexit, que deve ser concluído no ano que vem depois de uma condução bastante traumática. Macron acredita que a União Europeia (UE) precisa aprofundar sua atuação política em detrimento aos debates comerciais e burocráticos.
Segundo ele, atualmente, a Europa está sozinha e não pode mais contar com a proteção militar dos Estados Unidos. O presidente afirma que a Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte] já sofreu uma espécie de “morte cerebral” e que a aliança militar não teria mais a capacidade de mobilizar seus filiados.
Por isso, Macron insiste há vários meses na necessidade de criar Forças Armadas europeias, o que seria uma forma de integrar ainda mais os 27 países que integram o bloco e manter uma soberania que ele considera essencial. No meio do caminho, estão atuações estratégicas conjuntas em áreas como tecnologia e mudanças climáticas.
Na mesma entrevista, o presidente defendeu, ainda, que a UE mergulhe na realpolitik e seja cada vez mais pragmática com suas parcerias. No caso, o que ele quer é aprofundar as relações com a Rússia e se manter próximo de Vladimir Putin, apesar de todas as controvérsias.
O presidente da França demonstra um estadismo exacerbado desde que assumiu o Palácio do Eliseu. Até agora, ele não conseguiu convencer sequer a sua própria população. Difícil acreditar que o tom alarmista do momento reverbere muito além das margens do rio Sena.
*Com informações do repórter Ulisses Neto
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