Macron se vendeu como líder moderno, mas paciência dos franceses parece ter chegado ao limite

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 03/12/2018 09h43
EFE O presidente Emmanuel Macron enfrenta o pior momento de sua breve gestão e já começa a dar sinais de que terá que recuar

O destaque na Europa nos últimos dias tem sido os distúrbios na França provocados protestos dos chamados coletes amarelos.

O presidente Emmanuel Macron enfrenta o pior momento de sua breve gestão e já começa a dar sinais de que terá que recuar.

Neste domingo (02) o chefe do palácio Eliseu foi pessoalmente inspecionar os estragos na região da Champs Elysée depois dos protestos de sábado.

A região ficou arrasada pelo quebra-quebra e confronto entre manifestantes e policiais.

Nem mesmo o Arco do Triunfo foi poupado. O monumento de quase 200 anos foi pichado com várias mensagens de protestos.

Entre elas podia-se ler “cortamos cabeças por muito menos que isso” fazendo alusão aos monarcas e, posteriormente, líderes da Revolução Francesa que acabaram vítimas da guilhotina.

378 pessoas continuavam presas até a noite de ontem. Segundo a polícia, os distúrbios deixaram 263 feridos incluindo 81 policiais.

As manifestações na França começaram a cerca de duas semanas contra os reajustes nos preços dos combustíveis.

Inicialmente, bloqueios em estradas foram realizados por motoristas vestindo coletes refletivos, que são um ítem de segurança obrigatório em todos os automóveis do país.

O presidente Macron passou dias negando a possibilidade de rever os aumentos dos impostos que levaram o preço do litro do diesel a ficar quase 25% mais caro nos últimos doze meses.

Mas a situação está saindo de controle e agora o presidente já deu ordens para que o primeiro-ministro tente encontrar uma saída para a crise.

Os líderes da oposição, incluindo Marine Le Pen, da extrema-direita, e Jean Luc Melanchon, da extrema-esquerda, insistem que o presidente dissolva o parlamento e convoque eleições – atualmente, o En Marché criado por Macron tem maioria na casa.

O fato é que Emmanuel Macron, que tentou se vender como um líder moderno e inspirador da nova política na França ainda não conseguiu entregar muita coisa e a paciência do país parece ter chegado ao limite.

Uma situação frágil não apenas para o governo de Paris, mas sobretudo para a União Europeia, que tem seu outro grande fiador, a Alemanha, com uma chanceler flertando com a irrelevância política em seus últimos meses de governo e outro membro de peso, o Reino Unido, tentando encontrar uma saída para um divórcio atrapalhado.

São dias difíceis para o projeto europeu.

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