Maduro tenta tirar atenção da Venezuela ao apoiar protestos no Chile, diz jornalista
O Chile enfrenta, desde a última segunda-feira (14) uma onda de protestos contra o aumento da passagem do metrô de 800 para 830 pesos. O que começou com o bloqueio de vias públicas e catracas livre se tornou violento – e segue há quatro dias com destruição de agências bancárias, saques em supermercados e incêndios.
O autor do livro ‘Hugo Chávez – O Espectro’ e jornalista, Leonardo Coutinho, falou ao Jornal da Manhã sobre o agravamento das manifestações no país e fez um paralelo aos protestos que aconteceram em 2013 pelo Brasil – também pelo aumento das passagens dos transporte públicos.
O jornalista acredita que essa comparação não tem muito fundamento porque, apesar do motivo ser o mesmo, o contexto é diferente. “O Chile vive um momento de estabilidade muito maior do que o Brasil de 2013. O Brasil atravessava um momento de queixa em relação aos últimos anos do Governo petista. No Chile, os protestos são uma contestação da própria esquerda que surgem do nada.”
De acordo com Leonardo, há correntes que avaliam um “ressurgimento” da esquerda na América do Sul ao tentar se aproveitar das fraturas de cada um dos países. Para ele, faz sentido.
“A Venezuela está estimulando isso na tentativa de tirar a atenção da própria crise. Maduro está se esforçando para demonstrar isso. Membros chavistas já foram apreendidos no Equador e no Peru, e há prisão de venezuelanos também em Santiago e outras cidades que são palcos dos protestos chilenos.”
Leonardo acredita que países como a China, Rússia, Irã e Turquia estão tentando se consolidar na América do Sul ao tensionar países como a Bolívia e a Venezuela – e alerta que isso pode chegar no Brasil através de rupturas no contexto geopolítico.
“A crise venezuelana tem como centro a discussão de que Cuba maneja os conflitos. O comércio de petróleo e o apoio militar vem desses quatro países. Há indicadores muito fortes de que existe um tensionamento na tentativa de elevar o agravamento da questão venezuelana para forçar um conflito militar que justificaria esses países a se consolidarem na região.”
“Maduro está tirando a atenção dos outros atores que tem interesse além do dinheiro e do controle do petróleo da Venezuela. O Brasil tem aberto muitas fraturas, criando as próprias crises e se auto-fragilizando. No mundo da geopolítica essas coisas que parecem ficção são bem reais”, completa.
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