Maia reafirma lealdade a Temer: “não poderia sair do processo como conspirador e canalha”

  • Por Jovem Pan
  • 03/08/2017 10h01 - Atualizado em 03/08/2017 10h24
Marcelo Camargo/Agência Brasil O democrata afirmou ainda que, não fosse sua lealdade ao presidente, poderia ter ficado calado, mas preferiu manter o apoio ao País

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) assumiu nesta quinta-feira (03), em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, que chorou diante de colegas de bancada ao realizar um balanço dos últimos meses. Entretanto, ele negou que o fez por recuar de sua intenção a se tornar o mandatário da República.

“Chorei. Foram meses de dificuldade, sim. Isso estava carregado dentro de mim, mas não houve recuo. Ressalto minha lealdade pessoal e partidária ao presidente da República. Seria fácil eu ter cruzado os braços e deixado, por exemplo, o DEM e o PSDB saírem do Governo. Eu fui o primeiro a alertar o presidente Temer que ele tinha números desfavoráveis na CCJ. O tempo todo eu dizia que não ia trabalhar contra o presidente. Eu não recuei, eu nunca quis a posição de conspirador, de trabalhar contra o presidente, e nem que eu estava trabalhando em favor de interesse pessoal”, disse Maia.

Por ser o próximo na sucessão presidencial em caso de uma saída de Michel Temer antes do fim do mandato, em 1º de janeiro de 2019, Maia destacou que chegou a dizer ao presidente de seu partido, José Agripino Maia, que não queria ser protagonista do fim do Governo, pois isso teria reflexos graves para o País: “por ser o primeiro na linha sucessória, eu disse ao presidente do meu partido que eu não poderia sair do processo como conspirador e canalha”, disse Maia.

O democrata afirmou ainda que, não fosse sua lealdade ao presidente, poderia ter ficado calado, mas preferiu manter o apoio ao País. “Essa posição de interesse próprio nunca fez parte do meu trabalho e das minhas ambições”, disse Maia, que admitiu que um movimento em seu favor atrapalharia o andamento de trabalhos na Câmara e votações de matérias.

“Quando eu disse que fui a Temer e relatei o que estava ocorrendo [na CCJ], nunca disse que participei disso. Alertei a ele da radiografia que eu fazia na Câmara. Como eu sou o primeiro na linha sucessória, seria mais fácil não alertar o presidente, mas eu alertei. Eu pessoalmente alertei o Governo, mantive meu limite institucional e respeito a independência dos Três Poderes. No meu partido eu tive a influência direta, por ser o principal beneficiário da queda do presidente, mas quando perguntado pelo Governo, eu tinha a obrigação de mostrar ao presidente o problema”, explicou o democrata.

Maia disse ainda que os votos dos 490 deputados confirmaram a legitimidade do processo, independentemente do resultado da votação.

Novo foco

Passada a votação da denúncia, Maia disse que a partir da próxima segunda-feira (07) convidará líderes partidários para que juntos possam construir a agenda da Casa junto com a agenda econômica que já está colocada, com o intuito de construir um Estado menor e acabar com o déficit brutal.

Sobre a reforma da Previdência, o presidente da Câmara disse que o foco é trabalhar com o texto que saiu da comissão e votar o máximo possível. “Discurso de que Brasil entra em outro processo eleitoral é verdadeiro, mas no momento de crise, temos que ter coragem e enfrentar os problemas com clareza”, disse.

Confira a entrevista completa:

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