Maílson da Nóbrega: ‘É estranho alguém ser demitido porque trabalhou no governo PT’
O ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega lamentou a demissão de Joaquim Levy do BNDES e afirmou que Levy ‘é um profissional de vasta experiência no setor publico, privado e em organizações internacionais, e não dá pra entender porque ele foi demitido’.
Maílson da Nóbrega reforçou que, para Bolsonaro, quem quer que fosse que exercesse cargo na administração do PT seria considerado petista.
“Isso não tem o menor sentido. Alias, é bom que o Brasil conte com um conjunto amplo de profissionais qualificados que estão dispostos a ir para o Governo, aceitar convites, servir ao país, ter o prazer de participar. A grande maioria não tem nem afiliação politica. É estranho que alguém seja demitido porque trabalhou no governo do PT”.
Em entrevista ao Jornal da Manhã, o ex-ministro da Fazenda ainda citou exemplos como Marcos Lisboa e Murilo Portugal, que ocuparam cargos altos no governo da oposição e não são considerados petistas.
O ex-ministro da Fazenda afirmou também que a existência de uma caixa-preta do BNDES é uma fantasia e que o banco já é muito transparente. “A lei brasileira protege o sigilo bancário das empresas e das pessoas físicas. Elas não podem ter a sua intimidade financeira exposta à opinião pública. Essa é uma regra antiga que prevalece no sistema financeiro”, afirmou.
Quanto a previsão do impacto da demissão de Joaquim Levy no mercado, Maílson prevê que a reação não será das melhores. “A bolsa vai cair, o dólar vai subir, mas isso não é algo muito grave. Acho que tudo vai depender de quem for o substituto. Em resumo, isso cria uma certa insegurança tanto nas equipes quanto no mercado financeiro”.
Substituto de Levy
Para o ex-ministro da Fazenda, tudo indica que o nome substituto de Joaquim Levy será alguém qualificado e alinhado com Paulo Guedes, mas ele se preocupa com a falta de método de Jair Bolsonaro.
“Está ficando claro para profissionais que juntar-se ao órgão da administração publica federal é um empreendimento de alto risco”, disse. “O presidente age por impulso e, mais do que isso, pode humilhar as pessoas, como fez com o Levy. Quem será o próximo? Os profissionais vão pensar duas vezes em aceitar convites, mas não acho que isso impedirá o Governo de atrair talentos que vão enfrentar o risco”, completou Maílson.
Reforma da Previdência
Maílson da Nóbrega afirmou concordar com o ministro da Economia, Paulo Guedes, quanto a reforma da Previdência e aos pontos derrubados pelo relator deputado Samuel Moreira. “Ele cometeu mais um erro, que foi aumentar a tributação dos bancos. A reforma tem a ver com redução de despesas e não com aumento de receita para financiar um deficit maior. As ideias polêmicas derrubadas tinham muita justificativa técnica”, finalizou.
O ex-ministro Maílson da Nóbrega ainda reforçou que “o BNDES acumulou um volume considerável de experiência e conhecimento na época das privatizações do governo FHC” e poderia ser posto novamente a serviço do governo para melhor fazer o processo de privatizações de empresas estatais no governo Bolsonaro.
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