Mais Médicos: Reposição de profissionais leva tempo e coloca cidades em alerta
O presidente eleito Jair Bolsonaro já afirmou que vai dar asilo aos cubanos que pretendem ficar no Brasil mesmo com o fim da parceria no Mais Médicos. Três quartos do valor pago pelo Governo brasileiro a cada profissional iam para o regime da ilha. Apenas um quarto para o bolso do trabalhador.
Pelo menos 150 médicos cubanos desertores do programa lutam na Justiça para poder clinicar no Brasil ganhando salário integral. O grupo moveu ações contra o Ministério da Saúde, o governo cubano e a Organização Pan-Americana da Saúde.
André Corrêa, advogado dos estrangeiros, disse que a decisão política do governo de Cuba não interfere no direito individual daqueles que optaram por permanecer no Brasil. Ele afirmou que pedirá asilo aos clientes que o solicitarem, mas reforçou que os participantes do programa têm visto de permanência até setembro de 2019.
A saída de cubanos do Mais Médicos põe em alerta cidades onde esses profissionais são a única alternativa de atendimento.
Neste domingo (18), Jair Bolsonaro declarou que ainda não tem planos para repor os médicos que devem deixar o Brasil nos próximos dias. Para suprir a demanda, o Ministério da Saúde informou que vai abrir editais para médicos do Brasil e do exterior.
De acordo com a Confederação Nacional dos Municípios, a saída dos cubanos deve deixar sem atendimento cerca de 28 milhões de pacientes, a maioria de cidades com menos de 20 mil habitantes.
A estimativa é de que mais de oito mil profissionais de Cuba estejam atuando em, pelo menos, 2.885 municípios.
Em tese, há brasileiros em número suficiente para suprir os cubanos, mas a reposição levaria tempo. Outra dificuldade é que os locais de atendimento ficam longe dos grandes centros. Um médico cubano, que entrou no programa há dois anos, atua no interior de Pernambuco. O profissional afirmou que são poucos os brasileiros dispostos a ir para a região. Com a condição de não se identificar, ele explicou como funciona o Mais Médicos.
Segundo o acordo, os médicos são funcionários de Cuba que prestam serviços em outros países. Além do salário integral, Jair Bolsonaro exige que os profissionais possam trazer suas famílias para morar no Brasil e que os profissionais passem por um novo teste de capacidade, o Revalida.
O cubano que conversou com a reportagem da Jovem Pan afirmou que, mesmo podendo ficar, prefere deixar o país.
A saída dos médicos cubanos afeta a um só tempo a saúde brasileira e a economia do país caribenho. Segundo a Organização Mundial do Comércio, US$ 11 bilhões dos US$ 14 bilhões de dólares que Havana arrecada por ano com exportações de bens e serviços vem do envio de profissionais de saúde para o exterior.
*Informações da repórter Marcella Lourenzetto
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