Médicos defendem acompanhamento de pacientes vacinados contra a dengue
Médicos vão cobrar da Anvisa e do Laboratório Sanofi o acompanhamento de pacientes que tomaram a vacina contra a dengue lançada há quatro meses no Brasil.
Quem nunca teve a doença possui até 10 vezes mais chance de, se picado pelo mosquito infectado, desenvolver a forma grave.
Na semana passada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária recomendou que as pessoas com esse perfil não tomassem a dose vendida nas clínicas particulares, por R$ 300, e disponível na rede pública do Paraná.
O presidente da Sociedade Brasileira de Dengue e Arboviroses, Artur Timmerman, espera uma sensibilidade do poder público para monitorar de perto essa população, que se tornou mais vulnerável. Ele garantiu que a entidade vai cobrar a responsabilidade de quem aprovou a venda e produziu o medicamento: “a pessoa que foi infectada pelo mosquito e tiver dengue vai ter de ser acompanhada de perto com observação clínica diária e constante. A arma que vamos ter é uso adequado de repelente. Se isso falhar, vão ter de ser acompanhados clinicamente muito de perto”.
Cerca de 300 mil pessoas receberam as doses no Paraná.
O laboratório Sanofi-Aventis, que produz a vacina contra a dengue, reconheceu o erro de ter sido aplicada como prevenção em pessoas saudáveis.
Com base em estudos publicados no exterior, a Sociedade médica alertou a multinacional dos riscos antes da liberação da venda no Brasil.
A Sanofi Pasteur enviou uma nota de esclarecimento à Jovem Pan. Confira na íntegra:
Em relação à matéria publicada no site da rádio Jovem Pan, nesta segunda-feira, 4 de dezembro de 2017, a Sanofi Pasteur esclarece que:
- No Brasil, a Sanofi Pasteur apresentou voluntariamente os dados do novo estudo clínico (NS1) para a Anvisa, juntamente à proposta de uma revisão de bula. O órgão decidiu manter a vacina para a população que já teve uma infecção anterior por dengue, devido ao seu comprovado papel protetor virologicamente confirmado para estes casos, reduzindo hospitalizações e registros graves, e sendo, portanto, uma ferramenta importante para a saúde pública, já que a o indivíduo pode ter dengue quatro vezes na vida e o Brasil é um país endêmico para a doença.
- Tal decisão da Anvisa foi baseada na relevância, eficácia e segurança de Dengvaxia para estes casos, com base nas evidências científicas apresentadas para o registro e comprovadas novamente no estudo NS1.
- No estudo NS1, no grupo de pessoas que nunca tiveram exposição ao vírus, observou-se um possível aumento de 0,5% no risco de casos de hospitalização e dengue grave em cinco anos. O que, em números absolutos, representa entre aqueles que nunca tiveram contato com o vírus dois casos de dengue com sinal de alarme e cinco casos de hospitalização, em cada mil vacinados.
- É importante mencionar que quando falamos de dengue grave – demonstrada nos casos do estudo – nos referimos à dengue com sinais de alarme da atual classificação da Organização Mundial de Saúde.
- A agência brasileira solicitou que a atualização de bula fosse direcionada exclusivamente às essas pessoas que nunca tiveram dengue, recomendando que a vacina não seja utilizada espontaneamente nestes casos e solicitando que a decisão de vacinar estes indivíduos fique a cargo do próprio médico.
- A Sanofi continua acreditando no valor científico da Dengvaxia, cujos dados de segurança e eficácia estão amparados num robusto programa de estudos clínicos com duração de mais de 20 anos, envolvendo uma população de cerca de 40 mil pessoas de países endêmicos. A empresa permanece à disposição para fornecer eventuais esclarecimentos sobre este tema.
*Informações da repórter Carolina Ercolin
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.