Médicos pedem que pacientes crônicos não abandonem tratamentos

O medo de ir ao hospital devido ao novo coronavírus está afetando o tratamento de pacientes cardíacos e com câncer. O Instituto do Coração, em São Paulo, registrou uma queda de 45% nos atendimentos desde o início de abril.
De acordo com o diretor da divisão de Cardiologia Clínica do Incor, Roberto Kalil, o pronto-socorro da instituição recebeu apenas 8 pessoas com infarto nas primeiras duas semanas deste mês, número muito abaixo da média.
Dados da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista apontam a mesma tendência: uma queda de 50% nos atendimentos a pacientes com infarto em comparação com o mesmo período em 2019.
O coordenador do centro de gerenciamento do Coronavírus em São Paulo, David Uip, demonstrou preocupação com a recusa de pacientes com doenças crônicas em procurar ajuda médica. Segundo ele, o cenário de pandemia não interfere nesses atendimentos.
Para o médico cardiologista da AFYA Rafael Munerato, o isolamento social é importante, mas deve ser feito de maneira responsável, sem causar ainda mais riscos ao grupo vulnerável à covid-19. Ele destaca ainda que, além de atendimentos presenciais, a telemedicina pode ser uma opção para o tratamento desses pacientes.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia criou uma plataforma que oferece atendimento online gratuito à população. No site, os pacientes podem esclarecer dúvidas com cardiologistas, que trabalham de forma voluntária.
Segundo o médico Leandro Rúbio, a ajuda da telemedicina é bem-vinda em momentos de pandemia. Para ele, mudanças de hábitos durante a quarentena também podem minimizar a incidência de problemas cardiovasculares.
A diminuição da procura por assistência médica é um fenômeno também observado em países da Europa e nos Estados Unidos. Em Nova York, por exemplo, o número de mortes em casa por infarto aumentou 8 vezes, de acordo com levantamento feito por uma comunidade de cardiologistas.
Para os médicos, uma das hipóteses é que os pacientes têm medo de sair de casa, quando começam a apresentar os sintomas no coração por medo do coronavírus.
*Com informações da repórter Letícia Santini
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