Médicos relatam medo do contágio em hospitais públicos e privados
Na linha de frente do combate ao novo coronavírus, muitos médicos e enfermeiros confessam que estão apreensivos com o avanço da doença. Os índices de contaminação entre os profissionais de saúde são altos.
No Brasil, o Hospital das Clínicas, o Albert Einstein e o Sírio Libanês, em São Paulo, já afastaram centenas de funcionários que se infectaram com a covid-19.
No Hospital Sancta Maggiore, administrado pelo plano de saúde Prevent Senior, as equipes médicas da unidade de terapia intensiva atendem a, pelo menos, 140 pessoas que contraíram a doença.
A médica Carolina Mota confessa que o trabalho é muito difícil. “Os pacientes são muito graves. Eu acho que o estresse emocional piora bastante, mas estamos conseguindo levar da melhor forma possível, com estrutura e dando assistência ao paciente, o que é o mais importante.”
As três unidades do Sancta Maggiore são especializadas em atender clientes acima dos 60 anos de idade, os mais vulneráveis ao novo coronavírus. Isso explica o elevado número de pacientes e mortes registrados na rede.
O médico Glauber Cavalcanti ressalta que ninguém esperava por uma situação como essa. “É uma situação totalmente atípica, ninguém esperava passar por isso. A gente se forma e a gente quer salvar o próximo, isso é muito importante ressaltar.”
Na rede pública de saúde, a situação não é diferente. Segundo o residente de infectologia do Hospital São Paulo, William Dunke, o medo é ainda maior já que no SUS faltam constantemente os Equipamentos de Proteção Individual para a equipe médica.
“A gente tem tentado usar um pouco de criatividade, uma vez que no SUS faltam recursos, às vezes usamos babá eletrônica para ficar monitorando pacientes. É um cotidiano diferente, temos que ficar o tempo todo monitorando, mas sem poder ver e sem poder ver exatamente o que está acontecendo.”
Ele conta que até o cotidiano fora do hospital teve que ser alterado por causa do convívio diário com pacientes suspeitos da covid-19. Tanto ele quanto outros colegas de profissão não têm mais contato com amigos e familiares que fazem parte do grupo de risco, por exemplo.
William Dunke afirma que o apoio da população e do governo, neste momento, é fundamental para que eles se mantenham motivados.
*Com informações da repórter Letícia Santini
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