Mendes diz que juízes querem ser Moro e dispara: ‘não precisamos de corregedores, mas de psiquiatras’

  • Por Jovem Pan
  • 15/08/2018 10h43
EFE/Andre Coelho Ministro Gilmar Mendes Mendes voltou ainda a atacar o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e disse que suas “mãos embriagadas” induziram o STF ao erro

O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes cobrou nesta terça-feira (14), em debate sobre a Operação Carne Fraca, um maior rigor na análise de condutas de investigadores e ainda ações para coibir o açodamento em apurações.

Além de classificar a Operação Carne Fraca de “constrangedora” e contra a economia brasileira, Mendes atacou aqueles que “querem virar o juiz Sergio Moro” e ganhar minutos de fama.

“Uma falha setorial, em um dado setor da economia, se magnificou de uma forma absolutamente irresponsável! Constrangedora! Fala mal das instituições, aponta para um delírio coletivo. Todos querem virar um Moro, ganhar um minuto de celebridade. Não precisamos de corregedores, mas de psiquiatras. Porque é um problema sério. Quer dizer, os estrupícios se juntam e produzem uma tragédia! Produzem uma tragédia! É constrangedor”, disparou.

Mendes voltou ainda a atacar o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e disse que suas “mãos embriagadas” induziram o STF ao erro e citou a prisão do banqueiro Andre Esteves no suposto episódio da compra de silêncio de Nestor Cerveró, quando foi inocentado.

“É fundamental que se proíba essas divagações que fazem. Nós mesmos aqui que somos ultracautelosos já cometemos erros, fomos induzidos. O caso André Esteves… Essas colaborações premiadas em que éramos conduzidos pelas mãos bêbadas de Janot. Eu já disse ao ministro Fachin: Vossa Excelência deve ter deferido pedidos feitos pelo Janot embriagado. Obviamente lidávamos com um inimputável. Mas é preciso que nós chamemos o feito à ordem!”, disse.

Além destas críticas, Gilmar Mendes voltou a criticar o acordo de delação premiada firmado pelo MPF com a JBS e disse que o Supremo tem cautela redobrada, mas que cometeu erros graves “a partir da má conduta de agentes públicos”.

Operação Carne Fraca

A fala do ministro ocorreu durante a discussão de liminar concedida pelo ministro Dias Toffoli no Habeas Corpus para revogar a prisão preventiva do auditor fiscal do Ministério da Agricultura, Juarez José de Santana, que é investigado na Operação Carne Fraca.

Em ataque claro à operação, Mendes disse que é um caso a não ser esquecido. “Eles conseguiram realmente decolar ao colocar 1600 agentes policiais para fazer a maior operação que se tem notícia contra a economia brasileira. Então, a mim me parece caso de escola e nos diz respeito. Somos coautores de maus feitos até por indução. Muitas invencionices, falseamento de versões, manipulações (…) O nome acertaram no designo. Carne fraca deles próprios em relação à mídia. Queriam mimetizar a Lava-Jato e produziram isso. Altamente constrangedor. Cada um de nós vá para casa, coloque a cabeça no travesseiro e pense: o que eu tenho feito e o que eu deixei que fizessem. Gente como Janot vilipendiou este tribunal, usou este tribunal para seus propósitos espúrios, nos envolveu em ciladas”.

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