Menos de 10% dos municípios brasileiros possuem leito de UTI, aponta estudo
Estudo do Conselho Federal de Medicina aponta que menos de 10% das cidades brasileiras têm leitos de UTI. De acordo com o levantamento, a totalidade de leitos está em 532 dos 5.570 municípios do País. E a situação piora se contar os que estão disponíveis para a rede pública, caindo para 466 localidades.
A falta deste serviço de medicina intensiva é motivo de aflição entre médicos, que enfrentam emergências e alas vermelhas superlotadas, e também entre pacientes que fazem peregrinações para garantir o direito constitucional à saúde.
Ao todo, o Brasil possui quase 45 mil leitos de UTI, mas pouco menos da metade (49%) está disponível para o SUS. O restante é reservado exclusivamente à saúde privada ou a planos de saúde, que hoje atende apenas 23% da população.
Para Hermann von Tiesenhausen, primeiro-secretário e coordenador da Câmara Técnica de Medicina Intensiva do CFM, o panorama é preocupante. O especialista explicou que a infraestrutura de saúde do País precisa acompanhar, na velocidade e em proporção, as necessidades da população.
A disponibilidade dos leitos de UTI, segundo Hermann, não acompanhou a evolução dos acidentes e da violência, por exemplo. O estudo do Conselho mostra o abismo da medicina intensiva no Brasil: os sete Estados da região Norte, juntos, possuem 1.227 leitos de UTI, quase 4,5 vezes menos que os 5.358 leitos apenas do Estado de São Paulo.
Os Estados de Amapá e Roraima, somados, contam apenas com 56 leitos de UTI no SUS, ou seja, 0,2% das unidades públicas do País.
Outro ponto que necessita atenção, de acordo com o estudo, está na capilaridade dos leitos, afinal, 44% dos SUS e 56% dos privados estão nas capitais, deixando falhas pelo interior do Brasil.
*Informações do repórter Fernando Martins
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