Mensagens revelam que jornalista saudita assassinado chamava príncipe herdeiro de ‘Pac-Man’
Mensagens de um aplicativo revelam que o jornalista morto em Istambul pretendia fundar um movimento online contra a propaganda estatal da Arábia Saudita.
Os arquivos, obtidos com exclusividade pela rede CNN, mostram que Jamal Khashoggi e o ativista Omar Abdulaziz planejavam enviar cartões de celular para que dissidentes do governo saudita pudessem usar o Twitter sem serem rastreados.
Dois meses antes de ser morto, o jornalista soube que o governo saudita havia descoberto o plano e prendido várias pessoas. Crítico ferrenho do príncipe herdeiro da Arábia Saudita Mohammed Bin Salman, Jamal Khashoggi denunciava os feitos do líder em sua coluna no jornal Washington Post.
Mas, nas mensagens privadas do WhatsApp, o jornalista chegou a dizer que o príncipe herdeiro era como uma besta, um animal “pac-man”: “quanto mais vítimas ele come, mais ele quer”.
A referência é ao personagem de game dos anos 1980, que tinha como objetivo capturar todas as pastilhas sem ser alcançado por fantasmas. No caso de Khashoggi, a crítica era a perseguições feitas pelo príncipe a pessoas que o contrariam, incluindo a prisão de ativistas que atuavam no plano dos cartões de celular.
O jornalista Jamal Khashoggi deixou a Arábia Saudita em 2017 temendo pela própria segurança, depois que o herdeiro do rei Salman começou a combater dissidentes. Ele foi morto em outubro, no consulado do país em Istambul quando foi buscar documentos para poder casar com a noiva turca.
As investigações iniciais indicavam interferência de Mohammed Bin Salman no caso. O presidente da Turquia reiterou em várias ocasiões que a ordem para matá-lo veio das “mais altas esferas” da Arábia Saudita.
A imprensa americana também destaca que a CIA acredita que o príncipe herdeiro “provavelmente ordenou” o crime. O governo saudita negou envolvimento no caso e já acusou 11 pessoas, cinco delas enfrentam uma possível pena de morte. A Turquia pede que os acusados sejam extraditados e julgados no país onde o crime ocorreu.
*Informações da repórter Marcella Lourenzetto
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