Mensagens vazadas complicam situação de Abdo e impeachment volta a ganhar força no Paraguai
A oposição do Paraguai entrou com um pedido de impeachment do presidente Mário Abdo nesta terça-feira (6). Ele é acusado de esconder informações de relevância pública durante as negociações com o Brasil sobre o acordo de Itaipu.
O pedido de impeachment foi protocolado horas depois que a imprensa paraguaia divulgou trocas de mensagens de Abdo com o então presidente da Agência Nacional de Eletricidade do Paraguai, Pedro Ferreira. Os diálogos mostram que o presidente do país foi pressionado pelo Brasil a aceitar e cumprir os termos da ata sobre venda de energia de Itaipu.
Apesar dos alertas de Ferreira sobre um possível prejuízo ao Paraguai, Abdo pediu que o presidente da estatal acelerasse as negociações, para movimentar a economia. As mensagens mostram que ele chegou a pedir que o acordo fosse mantido em sigilo.
Antes dos vazamentos, o presidente do Paraguai alegou que não tinha conhecimento do andamento das negociações.
A assinatura do acordo, em maio, gerou uma crise política no Paraguai, que custou os cargos do ministro das Relações Exteriores e do embaixador no Brasil. O pacto, anulado na última sexta-feira, foi considerado pela oposição como “entreguismo”.
O porta-voz brasileiro, Otávio do Rêgo Barros, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) optou por não comentar o pedido de impeachment do presidente paraguaio e defendeu a importância de estabelecer um acordo.
“O presidente Jair Bolsonaro vem recebendo as informações por meio do ministro das Relações Exteriores e entendendo que é muito importante encontrar uma solução para que ambos os países possam, a partir dessa solução, caminharem ainda mais em conjunto para que, aquela energia que é tão importante aos dois países possa, de fato, também, produzir efeitos sociais, que são tão importantes”, comentou.
Além de Mário Abdo, o vice-presidente, Hugo Velásquez, e o ministro da Fazenda, Benigno López, também estão incluídos no pedido de impeachment protocolado. A oposição não tem maioria suficiente no Congresso para dar andamento ao impeachment.
*Com informações do repórter Renan Porto
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