Mesmo com vaquinha de Johnson, Big Ben não deve tocar após Brexit no dia 31
Pode parecer uma polêmica menor diante da complexidade do assunto chamado Brexit, mas ela simboliza bem os tempos de incerteza e desentendimentos trazidos pelo referendo de 2016.
Os britânicos não conseguem se entender mais nem para definir se o Big Ben deve tocar ou não no dia 31 de janeiro às 23 horas. O momento irá marcar a saída do país da União Europeia e um grupo de parlamentares pediu que o relógio mais famoso do mundo seja ativado.
As badaladas do Big Ben representam a quintessência da sociedade britânica e o momento histórico, em que o país se volta para seus instintos mais territorialistas, precisa de simbolismos nacionais.
Ocorre que o Big Ben, assim como o Palácio de Westminster, está em reformas — todo coberto por andaimes e telas de proteção.
O maquinário do sino e do próprio relógio foi parcialmente desmontado e fazer com que ele toque no dia 31 vai custar caro — o equivalente a quase R$ 3 milhões, para ser mais preciso.
Dinheiro que os cofres públicos não estão dispostos a desperdiçar.
O garoto propaganda do Brexit, o primeiro-ministro Boris Johnson, teve então a ideia de lançar uma campanha de doações para fazer acontecer. Em menos de 24 horas a vaquinha online arrecadou um quarto da verba necessária para ativar o relógio e o sino do parlamento.
E, então, descobriu-se que apesar da mobilização encabeçada pelo líder conservador pode ter sido em vão. Não se trata apenas de dinheiro – existem questões técnicas que também podem impedir o Big Ben de ficar pronto até o dia 31.
Na verdade, a obra toda de restauração do relógio, da torre e do palácio de Westminster ainda deve levar pelo menos mais dois anos.
Quando os trabalhos começaram estava previsto que o relógio e sino fossem ativados em ocasiões especiais como a virada do ano, mas não para marcar talvez o capítulo mais importante da história recente do Reino Unido desde a Segunda Guerra Mundial.
Pode parecer uma discussão menor diante do impacto que o divórcio europeu terá na sociedade britânica. Só que em um país que preza por simbolismos e tradições, o fato do Big Ben não marcar o momento exato do Brexit representa muito.
Sobretudo o quanto este processo está sendo marcado por improvisos e desentendimentos entre os líderes britânicos.
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