Mineradora responsável por vazamento de substâncias tóxicas no Pará admite duto clandestino
A mineradora Hydro Alunorte, responsável pelo vazamento de rejeitos tóxicos no nordeste do Pará, no sábado passado, admitiu que existe um duto clandestino dentro das instalações da empresa.
Esse duto era usado para despejar numa zona de mata todo o excesso de água que não seria usada pela empresa porque já estava contaminada. Depois de uma forte chuva no fim de semana passado, os reservatórios da mineradora transbordaram e esse duto clandestino entrou em ação.
Num primeiro momento a mineradora disse que não sabia de duto nenhum. Ontem, a mesma mineradora Hydro Alunorte disse por meio de uma nota oficial que durante uma vistoria, técnicos da empresa encontraram “uma tubulação com pequena vazão de água de coloração avermelhada na região da refinaria”.
Essa pequena vazão de água que a empresa disse desconhecer carregava água de dentro da própria empresa. Um laudo divulgado na quinta-feira pelo Instituto Evandro Chagas, que é um órgão do governo federal que faz vigilância de saúde, apontou que houve derramamento de diversas substâncias tóxicas no meio ambiente, como bauxita e chumbo.
Numa amostra colhida na região, os técnicos encontraram a presença de alumínio em 25 vezes acima do normal na água. Agora a suspeita é de que essa seja a mesma água que quatrocentas famílias que vivem na região estejam consumindo, como alerta o pesquisador do Instituto Evandro Chagas Marcelo Lima.
Ele explica que a população da região costuma usar poços artesianos rasos, que podem estar com a água comprometida.
Na sexta-feira de manhã, membros do governo do Pará, técnicos do Instituto Evandro Chagas e do Ibama se reuniram com moradores da região na sede da empresa que deixou o desastre acontecer. Nenhuma ação cabal foi definida pra resolver o problema. Só que caminhões pipa iriam começar a levar água potável pras famílias.
Essa não foi a primeira vez que a mesma mineradora Hydro Alunorte comete um crime ambiental. Em 2009 ela foi multada pelo Ibama em 17 milhões de reais por outro vazamento de bauxita num rio. Mas até hoje as multas não foram pagas.
Reportagem de Caio Rocha ao Jornal da Manhã
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.