Ministério da Saúde questiona Butantan por envio de CoronaVac a São Paulo
Segundo a pasta, foram 1,35 milhão de doses a mais retidas pelo governo paulista sem autorização
Após o governo de São Paulo cobrar, inclusive na Justiça, o envio de mais doses da vacina da Pfizer, agora foi a vez do Ministério da Saúde questionar a distribuição de envios da CoronaVac. A pasta cobrou o Instituto Butantan por ter, supostamente, retirado um número maior de vacinas para o Estado de São Paulo. Segundo o Ministério, foram 1,35 milhão de doses a mais entregues ao governo paulista sem autorização. A pasta afirma, ainda, que, em um primeiro momento, foram retiradas 904 mil doses. Na segunda ocasião, a retenção foi de 452 mil doses da vacina. Em ofício enviado ao Butantan, o Ministério informa que as doses não serão consideradas entregues e, tampouco, será dado recibo — classificando o quantitativo como dívida.
Em visita ao Centro de Logística do Ministério da Saúde em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, o ministro Marcelo Queiroga criticou o governo estadual por judicializar a vacinação. “Nós não observamos necessidade de se recorrer a Justiça. Estados e municípios vão vacinando adolescentes e outros ainda estão em indivíduos com 30 anos. O Brasil é um só povo, é uma só nação. E o Ministério da Saúde tem que garantir equidade. Temos que caminhar juntos. Aqui no Estado de São Paulo, recorreu-se a Justiça. Quem está fazendo essa confusões deveria trabalhar em parceria com o Ministério da Saúde para acelerar, de maneira justa, a vacinação no pais”.
Em nota, o Butantan disse causar estranheza o Ministério da Saúde não reconhecer o que foi enviado ao Estado de São Paulo, já que as entregas são registradas por nota fiscal e são realizadas as confirmações dos lotes entregues e recebidos no ato de cada remessa. O ministro Marcelo Queiroga defendeu o sistema de distribuição de vacina do Ministério da Saúde. “Nós temos que vacinar por faixa etária. Isso tem que ser feito com equidade, distribuindo doses de uma maneira proporcional a população e a demografia de cada Estado brasileiro, porque temos que chegar ao fim dessa campanha juntos. Nós somos uma só nação. Somos um só povo. E o compromisso que o Ministério da Saúde tem com os cidadãos do Estado de São Paulo é o mesmo que tem com os cidadãos do meu Estado, da pequena Paraíba, no Nordeste do Brasil.” O governo federal já considera necessária a aplicação de uma terceira dose contra a Covid-19, mas vai aguardar o avanço da imunização com a segunda dose e o resultado de uma pesquisa encomendada junto a Universidade de Oxford.
A expectativa é que 100% da população adulta receba pelo menos a primeira dose do imunizante até setembro — e 75% dos adultos a segunda dose até outubro. “O Ministério da Saúde contratou um estudo em que testamos indivíduos imunizados com a vacina CoronaVac, com as duas doses. E serão submetidas a uma terceira, que será de CoronaVac, AstraZeneca, Pfizer ou Janssen. Eles são alocados de maneira aleatória. Nós teremos essas respostas no final de outubro, começo de novembro.” A Anvisa também está de olho em antecipar informações que permitam avaliar a aplicação de uma dose de reforço do imunizante da Janssen. A Anvisa solicitou a farmacêutica dados sobre o andamento dos estudos laboratoriais que tratam sobre doses de reforço. A Janssen possui esquema vacinal de dose única e está liberada para uso emergencial no Brasil. A Agência já tinha realizado reuniões com representantes da Pfizer para solicitar informações semelhantes.
*Com informações do repórter João Vitor Rocha
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