MP pede que o governo retire medicamento chinês contra a leucemia de circulação
O Ministério Público Federal de São Paulo entrou com ação para que o Ministério da Saúde recolha imediatamente um remédio chinês sem eficácia comprovada distribuído para tratamento de crianças no SUS.
O LeugiNase foi adquirido sem licitação para quimioterapia em pacientes com leucemia linfoide aguda. Sem registro na Anvisa, o medicamento apresentou alto grau de impurezas em testes.
A medicação, de origem chinesa, foi comprada sem licitação embora não haja nenhuma comprovação sobre sua eficácia científica e segurança sanitária. O LeugiNase foi adquirido pelo governo em substituição ao medicamento de frabricação conjunta entre Japão e Alemanha, Aginasa, que já era utilizado pelo SUS desde 2013, com resultados positivos de até 90% de cura.
Tanto o LeugiNase quanto o Aginasa são nomes comerciais da l-asparaginase, medicação essencial para tratamento deste que é um dos tipos de câncer mais comuns em crianças e adolescentes, com cerca de 4 mil novos casos por ano no Brasil.
A ação do MPF destaca que a falta de eficácia do LeugiNase ameaça a vida de milhares de pacientes, podendo prejudicar o êxito o procedimento terpêutico de forma irreversível. Segundo testes realizados pelo Laboratório Nacional de Biociências e pelo laboratório norte-americano MSBioworks, o remédio chinês contém grau elevado de impurezas, apresentando 41 proteínas contaminantes contra seis de seu concorrente japonês/alemão. A presença dessas impurezas pode aumentar a produção de anticorpos que neutralizam o princípio ativo da l-asparaginase, reduzindo sua ação.
Vale ressaltar que uma concorrência para aquisição dos medicamentos, realizada em 2016, foi marcada por inúmeras irregularidades e são objeto de inquérito da Polícia Federal, envolvendo inclusive a empresa uruguaia Xetley S.A., responsável pela distribuição do produto no Brasil.
Informações do repórter Daniel Lian
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