Moeda digital do Brasil deve baratear transações, avaliam especialistas
Analistas consultados pela Jovem Pan News explicaram como o Drex deve funcionar no Brasil
O Banco Central (BC) avalia que até o final de 2024 a primeira moeda digital brasileira, o Drex, será liberada ao público. Drex é a sigla para a Digital Real X, que será emitida pelo BC em conjunto com as atuais moedas físicas. Instituições financeiras não poderão empresar valores em Drex a terceiros. Os primeiros testes já são feitos pela autoridade monetária. Em entrevista à Jovem Pan News, Orli Machado, que é CEO da C&M Software, empresa especialista em liquidação interbancária e que atua junto com o BC no desenvolvimento do real digital, explicou qual a diferença desta novidade em relação ao PIX. “O real digital é dinheiro, o PIX é um meio de pagamento. Quando eu gasto com o PIX, eu tiro dinheiro da minha conta. Então, você é cliente do banco ‘X’, você tem R$ 100 lá e foi na padaria gastar R$ 50. Automaticamente, teu saldo no banco passou para R$ 50. Com o real digital, você vai ter uma carteira digital dentro do seu smartphone.”
“É mais ou menos como se você fosse na boca do caixa e sacasse os R$ 100. Você vai ter mobilidades off-line, não precisa estar conectado com o seu banco. Mas, se roubarem seu celular, os R$ 100 foram junto. Se roubarem seu celular e não conseguirem invadir a sua conta, no modelo anterior, seus R$ 100 estão lá no banco. Temos que separar o que é meio de pagamento do que é dinheiro”, explicou Orli.
Segundo o especialista, no futuro, os brasileiros poderão utilizar o PIX para fazer transações com Drex, mas tudo indica que a moeda digital será mais utilizada em movimentações de grandes quantias. “Quando você fizer o download do saldo bancário para a carteira digital, você tirou o dinheiro da possibilidade do seu banco, o seu lado está absolutamente zerado. Na questão do PIX, o dinheiro fica no poder do banco (…) Eu vejo ele basicamente para transações de alto valor. Não é proibido fazer transações de centavos com ele, absolutamente não. Só que eu acho que, para transações de valores pequenos e médios, o meio de pagamento é mais importante que o valor em si. Para transações de alto valor, obviamente você quer ter uma garantia, não quer correr o risco de liquidação, calote e problema. Então, teoricamente você deve optar por fazer a transação dentro do Drex.”
O Drex será mais uma ferramenta que possibilita transações sem custo, como explicou o economista André Galhardo. “Os bancos viviam de inflação até o Plano Real. A partir disso, tiveram que se reinventar e muitos deles quebraram a partir do próprio nascimento do Real. Não estou dizendo que os bancos, muito mais bem consolidados do que estavam na década de 1990, passarão por dificuldades financeiras, longe disso. Só acho que, de fato, como o DOC e a TED hoje constituem como grande fonte de receita para os bancos, eles terão que se reinventar e criar novos mecanismos”.
*Com informações do repórter Marcelo Mattos
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