Molon critica autorização pela Câmara para investigar presidente: “é obsoleta”

Molon defendeu ainda que a denúncia seja encaminhada ao Supremo Tribunal Federal, pois há provas de que Temer cometeu crimes de corrupção passiva

Em clara crítica ao modo como a denúncia contra Michel Temer está sendo analisada pela Câmara, o deputado Alessandro Molon (Rede) disse que o presidente deveria ser investigado como qualquer outro parlamentar: diretamente pelo Supremo Tribunal Federal, já que há a prerrogativa de foro.

Em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, o deputado oposicionista defendeu que a análise da denúncia contra um presidente necessitar da autorização da Câmara é “algo que precisa ser corrigido”. Ele lembrou que a mudança foi feita em relação a parlamentares, mas não com presidentes e que a Câmara não deveria ter a primeira palavra em caso de processos contra mandatários da República. “A autorização [pela Câmara] está obsoleta e tende a contribuir para que se tenha impunidade”, disse.

No entanto, é claro que a visão do deputado difere da tomada por ele na época do impeachment de Dilma Rousseff, quando ele defendia uma atuação maior da Câmara, como lembrou a comentarista Vera Magalhães.

Molon defendeu ainda que a denúncia seja encaminhada ao Supremo Tribunal Federal, pois há provas de que Temer cometeu crimes de corrupção passiva no exercício do cargo. “O caminho natural é que ele responda aos seus atos no STF. Há provas seguras, claras e fartas de que houve prática do crime”, disse.

Questionado se a oposição iria tentar postergar a votação, o deputado da Rede afirmou que sim. “Oposição quer debate mais amplo sobre o tema, queremos chamar atenção para a gravidade, da necessidade de Temer ser processado e queremos estender a discussão até à noite. Queremos casa cheia, por isso só vamos registrar presença se deputados que apoiem Temer também o fizerem, para que eles não escondam que o defendem”, finalizou.

Confira a entrevista completa: